No mesmo dia em que a bancada federal de Pernambuco iria realizar uma reunião com o ministro da Saúde, Ricardo Barros, para protestar contra a suposta transferência de uma parte do projeto da Hemobrás, para o Paraná, o governo Temer transformou o limão da oposição em uma limonada.
Se algum dia tentou de fato levar para o seu curral eleitoral parte do projeto da fábrica, o ministro do PP foi obrigado a recuar.
O lance mais inusitado, e político, foi que o ministro, no portal da pasta, foi obrigado a informar que atendia uma orientação do presidente da República, Michel Temer.
Temer aparece para os pernambucanos como salvador da pátria.
Oficialmente, o ministro da Saúde, Ricardo Barros, tomou a decisão depois de reuniu-se, nesta terça-feira (15), em Brasília (DF), com os ministros pernambucanos do Governo Federal: Mendonça Filho (Educação), Bruno Araújo (Cidades), Fernando Coelho Filho (Minas e Energia) e Raul Jungmann (Defesa) para tratar do projeto da Hemobrás.
A iniciativa deixa Humberto Costa e Armando Monteiro Neto pelo caminho, depois de criticarem a suposta transferência.
LEIA TAMBÉM » MPF faz recomendações ao Ministério da Saúde contra mudanças na Hemobrás » Presidente da Hemobrás contraria ministro e mostra interesse em manter contrato » Paulo Câmara diz que Hemobrás é maior que questão eleitoral A decisão também ‘humilha’ o PSB de Paulo Câmara.
Na semana passada, o partido, embarcando na marola apresentada pela oposição federal e local, embarcou na defesa da unidade no estado, aderindo à campanha pela manutenção do projeto aqui.
Após o encontro, o Ministério da Saúde disse que fará negociações com os investidores detentores de tecnologia para iniciar a construção de uma fábrica de Fator VIII recombinante, no complexo de Goiana, em Pernambuco. “Após a notificação do Ministério da Saúde, a empresa Shire aumentou a proposta de investimento anteriormente apresentada a Hemobrás, em Pernambuco, de US$ 30 milhões para US$ 300 milhões para construir uma fábrica de Fator VIII recombinante, no complexo de Goiana (PE)”, informou o ministério, em nota oficial.
O caso cheira agora a chantagem, uma vez que a empresa Shire foi afastada pelo Ministério e em seu lugar prometeu-se colocar outra multinacional.
De acordo com o Ministério da Saúde, a construção da fábrica era uma obrigação não cumprida pela Hemobrás. “Em função das negociações iniciadas pelo Ministério da Saúde, a empresa Shire apresentou nova proposta, com novos investimentos privados.
Em razão da crise fiscal do país, a busca do Ministério da Saúde é realizar investimentos sem novos recursos públicos para esta finalidade, arcando somente com a compra centralizada de hemoderivados”. » Funcionários da Hemobrás denunciam ‘revés’ da União e rebatem ministro, que quer levar fábrica para reduto eleitoral » Deputados recorrem ao TCU contra fim de contrato na Hemobrás No mesmo comunicado, o Ministério da Saúde diz que a multinacional afastada do projeto, Shire, agiu “provocada pela proposta da Octapharma para a construção de fábrica no Brasil”.
No caso, a empresa Shire se manifestou interessada em realizar investimentos e manter a Parceria para o Desenvolvimento Produtivo (PDP) com a Hemobrás.
Segundo ainda a equipe de Ricardo Barros, a conclusão de fábrica para fracionamento de plasma humano, inacabada no complexo de Goiana (PE) e que também requer investimento privado, será objeto de outra negociação, uma vez que não está contemplada na proposta da Shire.
Humberto Costa e o ministro do TCU Declarando-se “atento ao andamento do plano do ministro da Saúde, Ricardo Barros (PP-PR), de transferir a fábrica da Hemobrás de Goiana (PE) para Maringá (PR), reduto eleitoral dele”, o líder da Oposição, Humberto Costa (PT-PE) se reuniu, nesta terça-feira (15), com o ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) Vital do Rêgo.
Nesta noite de terça mesmo, às 18h, a bancada de Pernambuco iria se reunir com Barros para “reafirmar a posição em defesa da unidade em Pernambuco”.
Vital do Rêgo já havia pedido explicações ao ministro da Saúde sobre o caso e novamente teria ‘demonstrou preocupação no encontro com os congressistas hoje em relação à mudança da unidade ao Paraná”.
De acordo com a assessoria de Costa, Vital do Rego falou que irá priorizar o tema no tribunal.
Parlamentares da Paraíba também participaram do encontro em apoio à Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia em Goiana. » Hemobrás: ministro articula fábrica no Paraná e incomoda bancada de Pernambuco » Após cobrança da oposição sobre Hemobrás, deputado chama ministro da Saúde de idiota “O ministro Vital demonstrou bastante conhecimento em relação ao processo e sabe da importância econômica e social da fábrica para Pernambuco e o Nordeste.
Nós acreditamos que o TCU vai avaliar o caso no seu mais estrito fundamento legal e, por isso, deverá manter a Hemobrás no Estado, já que a decisão do ministro da Saúde é meramente política e atende os seus parceiros comerciais”, disse Humberto Costa, antes de lebvar bola nas costas de Temer.
Há três semanas, o Ministério Público junto ao TCU, juntamente com a bancada de parlamentares de Pernambuco, chegou a entrar com uma representação pedindo “uma liminar” ao tribunal determinando a manutenção do contrato que mantém a Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia no Estado.
A secretaria de controle externo do TCU analisou o caso e propôs que o órgão determine imediatamente sem efeito a suspensão do contrato, autorizada por Ricardo Barros.
Vital do Rêgo solicitou mais esclarecimentos do Ministério da Saúde, antes da decisão d ehoje.
O líder da Oposição disse que a justificativa do ministro da Saúde de que a transferência da produção de hemoderivados ao Paraná vai possibilitar que a União economize dinheiro público é uma falácia. “O orçamento federal prevê recursos para a finalização da fábrica da Hemobrás em Goiana.
Além disso, já foram investidos cerca de R$ 1 bilhão na unidade.
Quem vai arcar com esse prejuízo caso o plano do ministro se concretize?”, questionou.
Nesta terça-feira, depois de todo o noticiário das últimas semanas, o Ministério Público Federal (MPF) em Pernambuco expediu três recomendações direcionadas à Presidência da República, à Casa Civil da Presidência da República e ao Ministério da Saúde para impedir a adoção de medidas sem embasamento científico, técnico e legal relativas a mudanças na Hemobrás.
Diss o senador que a atuação do MPF foi motivada, entre outras razões, por informações de que a pasta suspendeu a Parceria para o Desenvolvimento Produtivo de Fator VIII recombinante, firmado pela Hemobrás e pelo Ministério da Saúde, tendo como parceiro responsável pela transferência de tecnologia a empresa Baxter. “Outra motivação foi a negociação que vem sendo feita pela pasta junto à empresa Octapharma Brasil para a construção de uma nova fábrica de hemoderivados e recombinantes em Maringá (PR), “sem realizar licitação ou apresentar justificativas científicas, técnicas e legais para a medida”.
Cadoca comemora O deputado federal Carlos Eduardo Cadoca disse que a determinação da bancada de Pernambuco, que teria atuado unida, “levando em conta exclusivamente o interesse maior do Estado”, associado à pronta intervenção do presidente Michel Temer, foi fundamental para garantir que a fábrica da Hemobrás não tivesse parte da produção transferida para o Paraná, como defendia até o final da tarde desta terça-feira o ministro da Saúde, Ricardo Barros. “Foi uma mobilização forte e se traduziu em uma vitória importantíssima.
Pernambuco tem agora que consolidar 100% a Hemobrás, que é de extrema relevância para o Estado", disse Cadoca .
Cadoca disse que o dia começou com uma ação da bancada para frear o projeto de transferência. “Tivemos com o ministro do TCU, Vital do Rêgo, e, felizmente, não se fez necessário mais pressão contra a determinação de Ricardo Barros, mas se fosse preciso a bancada estaria pronta para frear o projeto do ministro que classifica de grande equívoco.
Tanto é assim que uma Frente Parlamentar já estava criada como uma das estratégias para evitar que a ideia fosse adiante”.
Tadeu Alencar fala em comemoração “Hoje foi um dia produtivo, um dia de luta, um dia de vitória para Pernambuco.
Mais uma vez, verificou-se a tradição de todas as forças políticas se unirem quando em risco os interesses do Estado de Pernambuco.
A unidade das bancadas na Câmara e no Senado, do Governo do Estado, da Assembléia Legislativa e da sociedade, de forma altiva e articulada, mostrou-se fundamental na defesa dos nossos interesses.
A decisão do Governo Federal de não avançar com a proposta de transferência da produção da Hemobrás, em Goiana, para a cidade de Maringá, no Paraná - defendida pelo Ministro da Saúde, Ricardo Barros -, é sobretudo uma vitória da população de Pernambuco.
Apesar de celebrar essa vitória, no mesmo dia em que estivemos no Tribunal de Contas da União (TCU) e em que criamos a Frente Parlamentar Mista em defesa da Hemobrás, não posso deixar de lamentar que uma proposta tão nociva à nossa economia e até aos investimentos da União já realizados nesse empreendimento, tenha avançado, a passos largos, sem o devido debate, correndo sério risco de aprovação, não fora a forte reação de todos os pernambucanos.
Vamos continuar a lutar pela Hemobrás, para que este projeto funcione plenamente, tornando-se a âncora do pólo farmacoquímico de Pernambuco”, escreveu Tadeu Alencar, deputado federal (PSB).
Humberto Costa diz que Pernambuco “derrota ministro” O senador do PT, que já foi ministro da Saúde, mas no governo do ex-presidente Lula, entendeu a sinalização de Temer com o desfecho e passou recibo, atacando os ministros locais. “Mostramos a esse governo golpista e ilegítimo que uma medida tão prejudicial a Pernambuco e ao Nordeste não passa e não passará, apesar dos ministros do Estado Bruno Araújo (PSDB), Mendonça Filho (DEM), Fernando Coelho Filho (PSB) e Raul Jungmann (PPS) não terem dado uma palavra em defesa da manutenção da unidade da Hemobrás em Goiana em todo esse período”, disse. “O silêncio dos ministros pernambucanos, em apoio completo e integral à mudança da fábrica sugerida pelo Ministério da Saúde, ficará para a história como uma vergonha para o povo. “É de estarrecer quando pensamos que temos quatro ministros de Estado que não defendem nenhum interesse da nossa região e só pensam em si mesmos e nos seus cargos”, disse. “Depois de pressionado pela bancada de Pernambuco, o ministro da Saúde, Ricardo Barros (PP-PR), anunciou que desistiu do plano de retirar do Estado a unidade de hemoderivados e recombinantes da Hemobrás e transferi-la para Maringá (PR), reduto eleitoral dele. “Foi uma vitória importante, mas é apenas o primeiro round.
Não está claro se outra fábrica será construída no país.
Se houver duas, não espaço no mercado.
Então, nós seguimos vigilantes”, afirmou Humberto no início da noite desta terça-feira (15), após reunião da bancada com Barros.
A decisão foi anunciada no fim da tarde, após semanas de intensa pressão dos congressistas pernambucanos em defesa da manutenção da Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia em Goiana (PE).
Mais cedo, no Congresso Nacional, eles haviam criado uma frente parlamentar para enfrentar o projeto de Barros de contemplar o Paraná. “É uma vitória do povo de Pernambuco, do Nordeste e de todo o Brasil.
O ministro, por interesses pessoais e eleitorais, queria transferir a fábrica para seu reduto eleitoral, fato que provocou reação, inclusive, da Justiça, do Ministério Público e do Tribunal de Contas da União.
O ministério não conseguiu, em nenhum momento, apresentar justificativas científicas, técnicas e legais para a mudança”, afirmou Humberto.
Armando Monteiro ‘celebra’ manutenção da Hemobrás em Pernambuco O senador Armando Monteiro (PTB-PE) comemorou, nesta terça-feira (15), a decisão do Governo Federal.
Na sua avaliação, a continuidade dos investimentos e a viabilidade da fábrica de Goiana vinha sendo ameaçada com a possível construção de outra planta no Paraná. “A ação articulada da bancada do Estado, que se uniu para pressionar contra a ameaça do Ministério da Saúde de esvaziar o empreendimento em Pernambuco, com a realização de diversas reuniões e audiências públicas, foi fundamental para a manutenção do projeto no Estado.
Como pernambucano, celebro essa grande conquista", destacou o petebista, no plenário do Senado. “O Ministério da Saúde acabou de publicar uma nota garantindo que todos os investimentos na planta da Hemobrás ficarão em Pernambuco, inclusive a produção do Fator VIII recombinante, que é a parte de maior valor econômico do empreendimento.
Com isso, Pernambuco responde às tentativas de esvaziar o empreendimento”, afirmou Armando. “A manutenção do projeto é fruto de uma ação solidária e articulada de toda a classe política de Pernambuco, especialmente da bancada federal, que, desde o primeiro momento, se alinhou na defesa dos interesses do Estado.
A esse Pernambuco altivo e independente, a bancada pode hoje dar a sua melhor contribuição “, disse o senador.