O ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT) criticou nesta sexta-feira (11), em entrevista ao Resenha Política, o seu adversário nas últimas eleições, João Doria (PSDB), que o sucedeu na gestão da cidade. “Doria, desde que assumiu, tem incitado a violência”, considerou, ao ser questionado sobre a “ovada” que o tucano recebeu em Salvador essa semana, quando recebeu o título de cidadão soteropolitano.

Para ele, o governo de Doria tem tornado os paulistanos mais ‘agressivos’.

LEIA TAMBÉM » Haddad prevê eleições de 2018 polarizadas entre grupos de Temer e Lula » Coligações transformam eleições em feira, diz Haddad Haddad citou a decisão de pintar de cinza murais de grafite e o caso em que o tucano jogou no chão flores recebidas de uma ciclista, que protestava contra o aumento da velocidade máxima permitida nas marginais Tietê e Pinheiros. “Mudou o comportamento da cidade de São Paulo.

As pessoas estão mais agressivas.

O respeito ao pedestre e ao ciclista diminuiu”, afirmou.

O ex-prefeito ainda criticou a postura de Doria em relação à ex-presidente Dilma Rousseff (PT). “Ele pode não gostar de Dilma, mas chamar uma mulher de anta?

Qual é o sinal que você ta dando para a sociedade?”, perguntou. “Você, como autoridade pública, não é um igual, está exercendo um cargo eletivo e tem milhões de habitantes sob o seu comando.” Apesar das considerações sobre o que considera o perfil de Doria, Haddad afirmou que não “justifica a atitude do outro (de jogar ovos no tucano)”.

Alckmin Haddad evitou comentar sobre a possível candidatura de Doria à presidência em 2018, ao contrário do que havia anunciado para não disputar com o seu padrinho político, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB). “Jamais faria isso, nem pela presidência, por nada”, disse. “Se eu assumisse o compromisso de ficar quatro anos e se eu tivesse assumido que iria apoiar Geraldo Alckmin, minha formação me impediria de deixar a cidade e o governador na mão.

Pode ser que eu seja o errado.” Primeiro turno O petista ainda retomou o cenário político de São Paulo e analisou que a divisão das candidaturas mais progressistas levou à vitória de Doria ainda no primeiro turno, a primeira em mais de duas décadas, com 53,29% dos votos. “Três prefeitos do PT (além dele, Marta Suplicy, hoje no PMDB, e Luiza Erundina, atualmente no PSOL) concorreram e isso mexeu com a cabeça das pessoas”, justificou. “O fato de estar dividido o favoreceu, senão ele não teria passado incólume, ele não debateu a cidade.” Queria fazer mais Haddad reconheceu que esperava mais apoio do governo federal, então com Dilma Rousseff, no seu governo em São Paulo.

Ele afirmou que a expectativa era de que a relação fosse semelhante à que Lula tinha com o ex-governador Eduardo Campos (PSB). “Minha vitória não foi bem compreendida pelo governo federal”, afirmou. “A expectativa que eu tinha era de mais apoio para fazer mais diferença.

Você pensa: ‘São Paulo é rica, não vamos cuidar’.

Mas tem muita gente pobre em São Paulo, pela riqueza, acaba atraindo muita gente pobre.”