Durante a sessão na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), dessa quarta-feira (10), gerou troca de acusações entre governo e oposição, após o líder da bancada de Oposição, deputado Silvio Costa Filho (PRB), apresentar uma denúncia contra o governador Paulo Câmara (PSB) e o prefeito Geraldo Julio (PSB) por possível abuso de poder econômico durante a campanha de 2016.

Segundo levantamento realizado pelo deputado no Portal da Transparência e no Tome Conta, do Tribunal de Contas do Estado (TCE), entre dezembro de 2015 e outubro de 2016, o Governo Paulo Câmara desembolsou um total de R$ 101,51 milhões para a Prefeitura do Recife, favorecendo o candidato à reeleição Geraldo Júlio.

Silvio Costa Filho explicou que, entre janeiro e outubro de 2016, foram desembolsados outros R$ 59,05 milhões.

Passadas as eleições, o Governo fez três repasses em dezembro, que juntos somaram R$ 2,44 milhões.

Já em 2017, foram liberados apenas R$ 497,50 mil até o final de julho.

De acordo com o Jornal do Commercio, o montante serviu para a conclusão do Hospital da Mulher, maior promessa de campanha de Geraldo, e também para obras de recuperação de pavimentos, implantação de rede de drenagem, limpeza de canais e recuperação de praças e escadarias via Emlurb.

De acordo com o parlamentar, os valores destoam dos repasses pré e pós eleições. “Até novembro de 2015, o Estado tinha repassado apenas R$ 2,15 milhões para a administração municipal, dando início em dezembro à operação Geraldo Júlio, com a transferência de R$ 42,46 milhões”, detalhou, destacando que os números não incluem os repasses constitucionais obrigatórios, como a cota-parte do ICMS. “A liberação de R$ 100 milhões entre dezembro de 2015 e julho de 2016 coincide com o período em que o Governo Paulo Câmara apontava a União e a crise econômica como responsáveis pelo atraso de pagamento a fornecedores, falta de insumos básicos na rede pública de saúde, paralisação de obras, entre outros problemas identificados no período”, comparou.

De acordo com o deputado opositor, os números mostram que houve uma ação eleitoreira do governo Paulo Câmara, favorecendo o seu correligionário Geraldo Júlio na disputa pela PCR. “Vamos encaminhar esse relatório ao Ministério Público de Pernambuco e ao Ministério Público Eleitoral para que eles possam analisar esses dados”, afirmou. “Como cidadão recifense e pernambucano, gostaria que o governador Paulo Câmara ajudasse o Recife de forma permanente e não apenas no período pré-eleitoral.

Quando você analisa os números desse relatório, você percebe a falta de compromisso do governador com a cidade.

Vou convidar o secretário da Fazenda, Marcelo Barros, para que possamos discutir se houve operações como essa em outras cidades do Estado”, finalizou.

O deputado Edilson Silva (PSOL), que disputou para prefeito do Recife em 2016, também não economizou em criticar e acusou o governo socialista de fazer “uma gestão temerária e desqualificada”.

Já a deputada Priscila Krause, também foi candidata a PCR na mesma eleição, afirmou que o “governo não colocou à frente o interesse dos recifenses, mas a estratégia de preservar um aliado político. “No momento de fazer a maquiagem, ela foi feita”, complementou.

Ainda de acordo com a matéria do JC, os governistas foram pegos de surpresa e não contestaram as cifras.

O deputado Isaltino Nascimento (PSB) afirmou que não houve favorecimento eleitoral, apenas desembolsos para concluir obras estratégicas como o Hospital da Mulher.

O líder do governo na Alepe também classificou as acusações de “choro de derrotados” e prometeu que “haverá mais choro no próximo ano”.