As retaliações já eram esperadas desde o início da semana e foram oficializadas nesta quinta-feira em Brasília.
O presidente nacional do PMDB, senador Romero Jucá (RR), enviou nesta quinta um ofício a seis parlamentares do PMDB sobre a decisão da executiva do partido informando sobre punições, como a suspensão das atividades partidárias por um prazo de 60 dias, em razão de terem contrariado a orientação da liderança peemedebista na Câmara, pelo voto contra o pedido de investigação do presidente Temer, no último dia 2 de agosto. “O PMDB, em cumprimento à decisão unânime da Comissão Executiva do partido, suspendeu por 60 dias, de suas funções partidárias, os deputados que votaram a favor da denúncia do presidente da República, Michel Temer.
Esta decisão foi tomada por descumprimento dos parlamentares ao fechamento de questão sobre o assunto em reunião realizada no dia 12 de julho, em Brasília.
O ato de suspensão ja foi comunicado a todos os filiados e ao Conselho de Ética do partido”, informou o partido, em nota.
Entre os deputados punidos, consta até o primeiro relator da denúncia contra Temer, Sergio Zveiter, do PMDN do Rio de Janeiro.
Por isto, a decisão do PMDB de votar em bloco permitiu sinalizar, para os que deram declarações que desagradavam o governo, que seriam “enquadrados”.
O deputado pernambucano Jarbas Vasconcelos (PMDB), um dos defensores do governo Michel Temer, votou a favor da denúncia contra o peemedebista.
Um mês antes da votação, o parlamentar já havia avisado o seu posicionamento na votação. “Em, toda minha vida pública eu fui a favor de que se investigue denúncias graves contra quem quer que seja.
Fiz isso ao longo de todos os cargos que ocupei.
A denúncia contra o presidente é grave e possui elementos robustos.
Sou do partido do presidente mas voto com minha consciência.
Por isso voto para se prossiga a investigação e para que defesa e acusação possam se colocar com propriedade”, afirmou, na época.
Nesta quinta, depois do comunicado, o ex-governador Jarbas Vasconcelos reagiu com indignação à iniciativa do partido. “No meu entendimento essa punição oficializada hoje pelo partido é algo esdrúxulo e completamente sem sentido.
Só reforça minha avaliação de como é fraca e despreparada a direção nacional do PMDB hoje.
Fui um dos fundadores do MDB, que posteriormente deu origem ao PMDB, e ao longo de toda a minha trajetória dentro do partido nunca vi algo parecido.
O respeito às ideias e posicionamentos é algo fundamental, e o caminho pelo qual está seguindo hoje o PMDB nacional ignora completamente essa condição, que é primordial para todos que exercem a política e principalmente para quem está a frente de qualquer partido numa democracia”, afirmou o deputado Jarbas Vasconcelos.
Nesta quarta, Baleia Rossi, líder do PMDB da Câmara, havia entregue a Romero Jucá a lista dos seis deputados do PMDB que votaram pela abertura de processo contra Temer.
Era o primeiro passo para punição.
Na lista estão Celso Pansera (RJ), Jarbas Vasconcelos (PE), Laura Carneiro (RJ), Sérgio Zveiter (RJ), Veneziano Vital do Rego (PB) e Vitor Valim (CE).
De início, devem perder funções partidárias.
Baleia Rossi, presidente do PMDB de São Paulo e atual líder do partido, foi procurado pelo Blog de Jamildo mas não falou sobre as medidas.
O deputado Darcísio Perondi (RS) foi outro dos entusiastas da medida. “Está na hora, sim, do PMDB exigir do seu deputado cumprimento do estatuto, das suas ideias e acompanhar o momento de transformação que o país vive liderado pelo presidente Michel”, disse o vice-líder do governo na Câmara, antes da votação.
No plano partidário, a punição tem efeito nulo.
Jarbas não tem função partidária no Estado, sendo apenas vogal no diretório estadual do PMDB.
O comando do PMDB local é do aliado Raul Henry, vice-governador do Estado.
De acordo com informações extra-oficiais, já havia a intenção de afastar os dois do PMDB e dar a legenda ao grupo de FBC.
No caso, a votação acabou dando o alibi que o PMDB esperava.
Temer pode rifar grupo de Jarbas e dar PMDB ao grupo de FBC, que deixaria o PSB Fechou questão Antes da votação, a Executiva do PMDB, partido do presidente Michel Temer, havia anunciado que fechou questão contra a admissibilidade da denúncia feita pela PGR (Procuradoria-Geral da República) contra Temer.
O fechamento de questão é uma decisão partidária em que os parlamentares são obrigados a votar de acordo com a orientação da legenda.
Caso desobedeçam a essa determinação, ficam sujeitos a punições, entre elas a expulsão.
No caso, a decisão anunciada pelo PMDB era uma maneira do partido tentar ampliar a adesão de deputados à defesa do presidente durante a votação em plenário.
A bancada do PMDB na Câmara conta com 63 deputados.
Para que o Supremo Tribunal Federal (STF) seja autorizado a abrir uma ação penal contra o presidente da República era necessário o voto de 342 dos 513 deputados.
Antes da votação, pelo Twitter, o senador Romero Jucá chegou a antecipar que o PMDB definiu punições contra os peemedebistas que não seguissem a recomendação. “Quem não cumprir a decisão será enquadrado pelo Conselho de Ética do partido e sofrerá punições”, avisou.
Juca disse também que o líder do partido na Câmara, Baleia Rossi, “tinha a prerrogativa de suspender as funções partidárias por 90 dias”.