O Ministro da Saúde, Ricardo Barros, convocou para esta quarta-feira, em Brasília, uma nova reunião com a bancada federal de Pernambuco para tratar da polêmica da Hemobrás.

O encontro está marcado para às 18 horas, no ministério.

A reunião foi convocada pelo ministro Ricardo Barros.

Como coordenador da bancada João Fernando Coutinho convocou todos os membros.

Os senadores Armando Monteiro e Humberto Costa já haviam confirmado presença.

Os deputados Augusto Coutinho e Severino Ninho também.

Não se sabe se haverá adesão dos parlamentares, em função da elevação da temperatura das discussões.

No primeiro encontro, o ministro chegou a afirmar que a questão estava resolvida e que ele já havia tomado a decisão de levar parte da estatal para o Paraná.

Nesta manha, em entrevista à Rádio Jornal, o ministro criticou Humberto Costa, ex-ministro da Saúde e que atuou para o projeto ser instalado no Estado.

Barros disse que o que há em Goiana são apenas esqueletos, em uma referência aos problemas na implantação da fábrica e aos escândalos gerados por investigação da Polícia Federal.

No começo do mês de julho, dia 5, em Brasília, dez deputados pernambucanos e os senadores Armando Monteiro Neto (PTB) e Humberto Costa (PT) se reuniram com o ministro da Saúde, Ricardo Barros, para questionar a articulação pela construção de uma fábrica de hemoderivados em Maringá, no Paraná, reduto eleitoral do político do PP.

A preocupação da bancada do Estado é sobre a produção na unidade da Hemobrás em Goiana, na Mata Norte, que, na avaliação dos parlamentares, poderia passar a não ter prioridade sobre o fator VIII recombinante, usado no tratamento de hemofílicos, e que tem o maior valor agregado entre os produtos. “A preocupação é que Pernambuco fique produzindo o que tem de menor valor agregado e o ministro leve para o estado dele o que tem de maior”, explicou o deputado João Fernando Coutinho (PSB-PE).

A construção da fábrica em Goiana começou em 2010 e foram investidos R$ 820 milhões na planta até agora. “Ninguém é contra a construção de fábrica no Paraná, mas nós temos que preservar a nossa empresa estatal, a Hemobrás.” LEIA TAMBÉM » Após ser alvo de investigação, Hemobrás perde delegação para a exclusividade na manipulação de sangue » Operação Pulso: MPF recomenda afastamento de ex-presidente da Hemobrás e outros envolvidos De acordo com João Fernando Coutinho, o ministro apresentou as questões técnicas sobre o negócio, que já é alvo do Ministério Público e do Tribunal de Contas da União (TCU).

O consórcio seria formado, além da Hemobrás, pela empresa suíça Octapharma, citada na Operação Máfia dos Vampiros, e os laboratórios públicos Butantã, de São Paulo, e Tecpar, do Paraná.

Seriam investidos R$ 200 milhões na unidade de Pernambuco, mais R$ 200 milhões para a construção da fábrica no Paraná e R$ 50 milhões em São Paulo.

O modelo seria diferente do que é realidade hoje na fábrica pernambucana.

Desde 2013, por problemas técnicos da parceira anterior, a Hemobrás tem uma Parceria de Desenvolvimento Produtivo (PDP) com a empresa francesa Shire para a produção do fator VIII recombinante.

Foto: Júlio Mautner/Divulgação A tecnologia para a produção seria transferida para o País até 2023.

De acordo com o Tribunal de Contas da União, porém, os investimentos não foram feitos para a adaptação da fábrica e o Ministério da Saúde descumpriu o acordo ao reduzir inclusive as compras de hemoderivados.

A expectativa era de que, com o conhecimento para a fabricação, a Hemobrás pudesse exportar o medicamento para a América Latina.

A deputada Luciana Santos (PCdoB) defende que retirar a produção do fator VIII recombinante seria “matar a Hemobrás por inanição”. “Esta é uma manobra: o ministro vai dizer que não quer acabar, vai dizer que está ampliando.

Mas é uma pegadinha, porque quando você coloca a produção em outra cidade você simplesmente matou a produção que tem aqui.

A gente precisa defender o investimento que já foi feito.

Essa proposta é uma coisa insana, sem nenhuma justificativa para acontecer”, criticou. “Nesse debate acho que ficou claro que estamos tratando da joia da coroa.” Foto: Divulgação A bancada do Estado deve voltar a se reunir na próxima semana para avaliá-lo sob o ponto de vista jurídico.

Depois disso, pretende ainda procurar o governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), já que a gestão estadual é sócia minoritária do projeto, e até o presidente Michel Temer (PMDB).

Aos parlamentares, o ministro afirmou que já se reuniu com o Conselho de Administração da Hemobrás sobre o assunto.