Estadão Conteúdo - O Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) comunicou à Polícia Federal duas movimentações consideradas ‘atípicas’, uma de R$ 800 mil e outra de R$ 30 mil, nas contas ligadas a Antônio Carlos Vieira da Silva Junior, preso preventivamente na Operação Cobra, 42.ª fase da Lava Jato, apontado como ‘operador’ do ex-presidente do Banco do Brasil e da Petrobras Aldemir Bendine.
Na primeira transação, de maior valor, feita em uma conta recém aberta no ano de 2011, os valores foram declarados ao Fisco e eram oriundos de um cofre pessoal.
LEIA TAMBÉM » Bendine tinha ‘conta de propina’ com publicitários, afirma Lava Jato » Moro põe publicitários pernambucanos em prisão preventiva » Moro cita possível ligação de publicitários pernambucanos com esquema da JBS O publicitário e seu irmão, André Gustavo Vieira da Silva, são investigados pela suposta operacionalização do repasse de R$ 3 milhões em propinas da Odebrecht ao ex-presidente da Petrobrás, Aldemir Bendine, em 2015.
De acordo com as investigações, inicialmente, ainda na presidência do Banco do Brasil, Bendine teria pedido R$ 17 milhões de propinas em troca da facilitação da rolagem de uma dívida da Odebrecht Agroindustrial.
A nova cobrança, de R$ 3 milhões, teria sido feita à época em que Bendine já estava à frente da Petrobrás, em 2015.
O repasse foi realizado em três parcelas de R$ 1 milhão em espécie cada.
Dois pagamentos ocorreram qando o empresário Marcelo Odebrecht já estava preso, em julho daquele ano.
O Coaf é um órgão ligado ao Ministério da Fazenda responsável por comunicar atividades financeiras que levantam suspeitas sobre lavagem de dinheiro aos órgãos de investigação.
Saques e depósitos de mais de R$ 100 mil em espécie são sempre comunicados ao Conselho, mesmo que não levantem indícios de crimes. » Publicitários pernambucanos são alvos da 42ª fase da Lava Jato » Bendine e operador destruíam mensagens a cada quatro minutos, diz Lava Jato » Irmãos pernambucanos são suspeitos de operar esquema de Bendine, diz PF O colegiado comunicou movimentações de R$ 830 mil consideradas ‘atípicas’ em relatório à PF no Paraná, onde Bendine está preso, levantado para identificar repasses relacionados ao departamento de propinas da Odebrecht.
Em uma delas, de R$ 800 mil, em uma conta em Recife, ele se utilizou de uma empresa de segurança especializada em transporte de dinheiro para fazer o depósito.
A conta era recém criada, no ano de 2011, período pelo qual ele não é investigado no âmbito da Cobra.
De acordo com a notificação do Coaf, o valor veio de um cofre de Antônio Carlos “Comunicação motivada por movimentação de recursos em espécie, considerada atípica e incompatível com a natureza da conta corrente, recém aberta. consta no cadastro tratar-se de publicitário proprietário de loja de calçados, revenda de motos e agência de publicidade.
Segundo informado, valores em espécie guardados no cofre do cliente, provenientes de distribuição de lucros.
Valores em espécie declarados no IPRF.
Transação já comunicada a esse conselho, por critérios objetivos conforme artigo 12 da circular BACEN 3461/09.
Os recursos foram direcionados para aplicação financeira”, afirma o Coaf.
A outra movimentação considerada atípica se trata de uma transferência de R$ 30 mil em um posto de gasolina em Araguaína, no Tocantins, que já foi alvo de investigações por lavagem de dinheiro e sonegação fiscal.
O Estado apurou que o processo envolvendo o posto está sob sigilo no STF.
Defesa “Nenhuma movimentação é contemporânea aos fatos investigados.
Não faz sentido se justificar do que não tem relação aos fatos.
O processo é B.B.
E Bendine e não da vida de meu cliente”.