Estadão Conteúdo - Ao fechar um acordo sobre o processo de eleições internas no PSDB, os senadores Aécio Neves (MG) e Tasso Jereissati (CE), presidentes licenciado e interino respectivamente da sigla, delegaram ao presidente Michel Temer (PMDB) o destino de seus ministros tucanos.
A legenda saiu rachada do processo de votação na Câmara dos Deputados sobre o prosseguimento da denúncia por corrupção passiva contra o peemedebista. “Vamos reavivar o partido.
Se tem ministro (do PSDB no governo), se não tem ministro, isso é problema do presidente.
Não é nosso problema”, afirmou Tasso durante entrevista coletiva no Senado ao lado de Aécio.
LEIA TAMBÉM » Decisão da cúpula do PSDB acaba ‘fulminando’ chances de João Dória sair candidato » Doria diz que Aécio deve ter ‘grandeza’ de entender que seu ciclo ‘se encerra’ » Líder do PSDB dá voto pela admissão de investigação de Temer O senador mineiro também minimizou a permanência no governo Temer. “(Continuar no governo) é uma questão, para nós, absolutamente secundária.
Essa questão de cargos e ministérios pertence ao presidente da República, que fará aquilo que achar mais adequado em relação aos cargos do PSDB.
Isso não é uma preocupação que nós temos”, disse Aécio.
Agora o partido ficará focado em escolher seus dirigentes.
Em encontro na casa do senador mineiro, em Brasília, horas antes da coletiva, Aécio fez um “apelo” para que Tasso continue à frente da sigla: “Ao meu ver, é a pessoa que tem as melhores condições (de conduzir o partido).
Fiz a ele um apelo em nome da unidade do partido”. » Aécio retoma PSDB e tenta conter saída do governo Temer » Temer libera R$ 19 milhões de emendas de ministros tucanos O senador mineiro deu “carta branca” ao colega para conduzir a renovação da sigla. “Em relação ao cronograma do PSDB acertado com o senador Tasso Jereissati, o PSDB fará, até o fim do ano, a renovação das suas direções municipais, estaduais, da sua direção nacional e apresentará o nome do seu pré-candidato à Presidência da República”, afirmou Aécio.
Tasso ganha autonomia no comando do PSDB.
O acordo possibilitou também a Aécio continuar como presidente licenciado mesmo sendo denunciado em processo no Supremo Tribunal Federal.
Antes do encontro, Tasso manifestava a interlocutores o interesse de entregar o cargo de interino por não concordar com as articulações paralelas de Aécio com o Palácio do Planalto e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). » Tucanos optam pelo silêncio na sessão da CCJ Comemoração A ala mineira da bancada do PSDB na Câmara, que sempre defendeu a manutenção da aliança com o governo, comemorou o compromisso. “Foi a superação de um momento delicado do partido.
Eu acho que a gente vira uma página e vamos superar essa agenda do desembarque que imobilizou o partido”, disse o deputado Marcus Pestana (PSDB-MG), um dos aliados de Aécio na Casa. » Tucanos se reúnem em SP para definir desembarque do governo Temer » PSDB-RJ pede renúncia de Temer e saída de ministros tucanos do governo A avaliação dos cabeças pretas, movimento que defendia o fim da aliança, também foi positiva.
O deputado Daniel Coelho (PSDB-PE) ligou para Aécio para elogiar o gesto pela “união do partido”.
Na avaliação de alguns deles, manter Tasso no comando da legenda é uma sinalização de reverência. “É um gesto para todos nós que estamos pensando em sair do governo”, disse.
Alguns tucanos avaliam que o único derrotado teria sido o governador Geraldo Alckmin (SP), que atuou pela derrota do governo.
Entre os deputados paulistas, 11 de 12 votaram pelo prosseguimento da denúncia. “Esse acordo entre Aécio e Tasso foi feito com o Alckmin.
Ele teve participação direta e era um dos mais preocupados com a divisão do partido”, disse o deputado Silvio Torres (SP), principal aliado do paulista na Câmara e secretário-geral do PSDB.