Na carta, o prefeito lamenta que haverá perdas para a população porque a festa iria movimentar recursos na cidade.

Ele nega ainda que haja salários em atraso. “Não vemos a festa como um gasto e, sim, como um investimento que iria movimentar a economia local.

Se fizermos uma conta hipotética e pegarmos um público mínimo de 30 mil pessoas por dia, nos dez dias de festa, cada uma delas gastando apenas 10 reais, só aí temos três milhões circulando na cidade, o dobro do custo da festa”, disse o gestor.

Veja a íntegra abaixo.

Veja a nota oficial da prefeitura de São Lourenço ‘É com muito pesar que a Prefeitura de São Lourenço da Mata informa que, em acatamento à recomendação do Tribunal de Contas do Estado, CANCELOU a realização da festa do padroeiro do município.

O evento, tradicional na cidade há mais de 40 anos, iria acontecer de 1 a 10 de agosto, com atrações nacionais de grande nome, como Wesley Safadão, Luan Santana, entre outros.

O pesar da administração municipal é um reflexo do sentimento dos são-lourencenses, que estão profundamente abalados com o fato, não apenas pela festa, mas pela movimentação financeira que era esperada pelo comércio formal e informal da localidade.

São centenas de famílias prejudicadas, que investiram pesadamente em seus negócios, confiando no incremento advindo dos festejos.

LEIA TAMBÉM » TCE manda São Lourenço suspender gasto de R$ 4 mi com shows, entre eles Safadão » TCE reitera decisão proibindo São Lourenço de gastar R$ 4 milhões com shows, incluindo Safadão » Advogado de São Lourenço usa Geraldo Julio para criticar TCE. ‘Recife também deve e fez Carnaval’ » Show suspenso em São Lourenço: ‘Se estão sobrando recursos, devem ser usados para pagar servidores públicos’ A recomendação para o cancelamento do TCE se baseou em denúncias feitas por meio da ouvidoria, que diziam que a festa custaria R$ 4 milhões, além das dívidas da gestão passada deixadas no município.

De acordo com a Corte, o município deveria pagar os salários atrasados, e não realizar uma festa de grande porte.

Primeiramente, a gestão enviou ao TCE a documentação que comprova que o evento iria custar aos cofres públicos cerca de R$ 1,5 milhão, e que a denúncia não tinha fundamento.

Sobre os salários atrasados, a informação não é procedente.

Quando assumiu a prefeitura, Bruno Pereira (PTB) decretou estado de emergência, com o objetivo de montar um plano de contingência para sanar as dívidas da gestão anterior, que chegavam a R$ 18 milhões.

A maior parte desse montante era referente a três meses de salários atrasados (novembro, dezembro e décimo terceiro de 2016).

Desses, os meses novembro e dezembro foram totalmente pagos pela gestão de Bruno Pereira.

E quem recebia até um salário mínimo também recebeu o décimo terceiro.

O saldo restante - cerca de R$ 2 milhões - foi parcelado em 10 vezes, acordo feito na Justiça, com a presença do Ministério Público de PE e representantes dos servidores municipais.

O acordo está em dia, e faltam apenas cinco parcelas para quitação - cerca de R$ 1 milhão.

Vale ressaltar que o estado de emergência terminou em 12 de julho deste ano, e que, segundo o prefeito Bruno Pereira, São Lourenço da Mata já se encontra com saúde financeira, e que realização da tradicional festa era um anseio popular, além de ser mais um incremento econômico nesse processo de reconstrução pelo qual passa o município.

Era tão grande a expectativa do comércio local, que o CDL de São Lourenço criou o evento Liquida Agosto, e a Prefeitura antecipou 50% do décimo terceiro salário dos servidores.

O cancelamento da festa realmente provocou uma grande comoção na cidade. “Não vemos a festa como um gasto e, sim, como um investimento que iria movimentar a economia local.

Se fizermos uma conta hipotética e pegarmos um público mínimo de 30 mil pessoas por dia, nos dez dias de festa, cada uma delas gastando apenas 10 reais, só aí temos três milhões circulando na cidade, o dobro do custo da festa”. “Durante anos fomos oposição em São Lourenço, mas sempre fizemos isso de forma responsável, e sem fazer nada que prejudicasse a população.

Nunca batemos na realização da festa, pois sabemos da importância dela para o município.

Infelizmente, nessa conta que estamos arcando pelo estrago feito na gestão passada, quem mais perde é o povo, que já não teve nem Carnaval, nem São João, e fica, agora, sem a festa do padroeiro”.