O líder do PSDB, Ricardo Tripoli, ao discursar sobre a orientação para os colegas na votação do caso Temer, acaba de defender a admissibilidade da investigação de Temer.
O partido deu apoio a Temer desde o começo da gestão e conta com ministérios na gestão federal.
Curiosamente, o relator do caso é deputado Paulo Abi-Ackel (PSDB-MG), do mesmo partido de Tripoli.
Houve reação imediata no Plenário.
Deputados da base disseram que, se tivesse ética, o PSDB deveria entregar os cargos no governo Temer.
São quatro ministérios, com destaque para Cidades, com o deputado federal Bruno Araujo (PSDB-PE).
No entanto, o voto pela investigação não surpreende porque mostra a divisão do partido em relação à matéria.
O voto “sim” concorda com o parecer apresentado à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) pelo deputado Paulo Abi-Ackel (PSDB-MG), e é contra a instauração de processo no STF contra Temer.
Já o voto “não” é contrário ao parecer de Abi-Ackel, e defende que Temer seja investigado pelo Supremo.
Antes do tucano, quatro deputados fizeram o encaminhamento da denúncia logo, dois favoráveis e dois contrários à abertura de processo criminal contra o presidente.
Favorável à abertura de inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) contra Temer, o deputado Ivan Valente (Psol-SP) disse que a Câmara estará votando contra a maioria da população se rejeitar a admissibilidade da denúncia.
Segundo ele, 85% dos brasileiros querem a saída de Temer imediatamente. “Como é que o Congresso Nacional faz ‘ouvidos moucos’ e não ouve a sociedade?”, questionou.
Valente disse ainda que a agenda política e econômica do presidente prejudica a população.
Mais polêmica, entretanto, foi a fala do deputado Vladimir Costa (SD-PA).
Ele é contrário à admissibilidade da denúncia da Procuradoria-Geral da República contra o presidente e disse que a gestão de Temer é ética e criticou os partidos de oposição. “Foram partícipes de uma gestão que quebrou o País.” “O governo Temer é decente e vocês [OPOSIÇÃO]não tem moral para falar do Temer”, disse Costa, cujo discurso foi muito tumultuado pelas palavras fortes contra a oposição.
A votação do parecer da CCJ será feita por chamada nominal em instantes, com cada um dos deputados sendochamado ao microfone para proclamar seu voto em 15 segundos.
Deputados da oposição reclamaram que durante a votação do processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, os parlamentares levaram até 30 segundos para proferir seu voto.
Os deputados serão chamados começando por um estado do Norte, seguido por um estado do Sul – e vice-versa, continuando-se assim, sucessivamente, passando pelos demais estados e pelo Distrito Federal.
Em 2016, com Dilma, a ordem foi a seguinte: Roraima, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Amapá, Pará, Paraná, Mato Grosso do Sul, Amazonas, Rondônia, Goiás, Distrito Federal, Acre, Tocantins, Mato Grosso, São Paulo, Maranhão, Ceará, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Piauí, Rio Grande do Norte, Minas Gerais, Bahia, Paraíba, Pernambuco, Sergipe e Alagoas.
Dentro de cada estado, a chamada de deputados será feita por ordem alfabética.
Após a chamada de todos os parlamentares de um estado, serão chamados os ausentes.
Se houver pelo menos 342 votantes, o resultado será proclamado.
Caso esse número não seja atingido, outra sessão será convocada, para nova votação.
PSDB orientou voto contra o relatório de Paulo Abi-Ackel (foto), tucano de Minas Gerais (Foto: Antonio Augusto/Câmara dos Deputados)