O líder da oposição no Senado, Humberto Costa (PT-PE), acusou os aliados do presidente Michel Temer (PMDB) de comprar votos para tentar arquivar a denúncia contra o peemedebista, que vai a votação nesta quarta-feira (2). “À medida que o desgoverno se alastra e o País degringola por meio das mãos leves, teatrais e cambaleantes de Temer, ao mesmo tempo a distribuição risonha e franca de dinheiro para a base aliada atinge os ares de butim”, afirmou no plenário. “Aí, as mãos de Temer ficam mais fortes e firmes na hora de distribuir o dinheiro para comprar os votos necessários à sua salvação.” No pronunciamento, Humberto Costa citou a liberação de R$ 16 bilhões nos últimos meses. “O grosso dessa dinheirama foi abiscoitado pelos vorazes aliados de Temer”, acusou. “O que se fala, o que se lê, é tão somente sobre compra de votos.
Vale tudo para garantir um corrupto no poder.
E vale, sobretudo, todo tipo de corrupção praticada com dinheiro público, que deveria ser usado em ações que minorassem o sofrimento da população pobre – isso no caso de não estarmos sob um governo que emergiu de um golpe para justamente atingir essa população pobre, os trabalhadores e os aposentados.” O senador admitiu que a denúncia pode não ser aceita.
São necessários 342 votos para que a investigação seja autorizada e a oposição tem cerca de 100 deputados. “Ainda que nesta semana, que amanhã isso não aconteça, eu tenho certeza de que só um louco, só alguém ensandecido terá coragem de votar duas, três, quatro vezes para que Temer não seja investigado na Câmara dos Deputados”, afirmou, porém.
A denúncia apresentada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, foi por corrupção passiva.
A acusação contra Temer é com base nas investigações realizadas após a delação de Joesley Batista, do grupo J&F.
Para Janot, o presidente era o beneficiário de recursos entregues pela empresa ao seu ex-assessor Rodrigo Rocha Loures, que recebeu R$ 500 mil em uma mala.
Seguindo o rito estabelecido por Maia, quando houver 342 deputados, a votação poderá ser aberta.
A ordem de votação dos estados será a mesma adotada na votação do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT): os parlamentares serão chamados em ordem alfabética, por Estado, alternadamente do Norte para o Sul e vice-versa.
Os que disserem “sim” estarão votando pelo arquivamento da denúncia e os que falarem “não”, o contrário, autorizando que Temer seja investigado.
Isso porque o parecer não é aquele inicial, de Sérgio Zveiter (PMDB-RJ), que pedia a admissibilidade da denúncia por corrupção passiva.
O documento do peemedebista foi rejeitado na CCJ após articulação da base e a troca de 12 nomes da comissão.
O novo, do tucano Paulo Abi-Ackel (MG), é contra a investigação.
O relatório foi lido em plenário nesta terça-feira (1º), após duas tentativas antes do recesso em que não houve quórum para continuar o procedimento, e o peemedebista foi notificado em seguida.