A primeira reunião da bancada de oposição terminou na tarde desta terça-feira (1º) sem uma conclusão sobre quais serão as estratégias contra Michel Temer (PMDB) na votação da denúncia contra o presidente, nesta quarta-feira (2).
O líder da minoria, José Guimarães (PT-CE), afirmou que os partidos - principalmente PT, PCdoB, PDT, PSOL e Rede - estarão em “assembleia permanente” até a sessão para analisar “milimetricamente” as previsões de votos. “O quórum é responsabilidade do governo.
Estamos avaliando isso”, disse o petista, no entanto.
O deputado ainda criticou o rito definido pelo presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e afirmou que será questionado em plenário.
LEIA TAMBÉM » Um dia antes da votação, parecer de denúncia contra Temer é lido » Temer tem votos para escapar de denúncia de corrupção passiva, diz pesquisa » Por quorum, Temer estimula até voto opositor e abstenção De acordo com os números divulgados por Maia, a sessão poderá ser iniciada com 51 parlamentares presentes.
O primeiro a falar será o relator, Paulo Abi-Ackel (PSDB-MG), por 25 minutos.
A defesa depois tem o mesmo tempo para se pronunciar.
Em seguida, podem falar quatro oradores, dois contrários e dois favoráveis ao afastamento, e um requerimento pode encerrar a fase de discussão. É o que contestam os deputados de oposição, que pedem mais tempo para as falas e que os líderes possam se pronunciar também. “Até na época de Cunha os líderes falavam o tempo do regimento”, reclamou Guimarães. “Votar à noite é fundamental para que a sociedade acompanhe.
O trabalhador precisa acompanhar”, defendeu ainda. “Não queremos votar essa matéria sem transparência.” » Ibope: 81% dos eleitores defendem que deputados aceitem denúncia contra Temer » Doze ministros devem reassumir mandatos na Câmara para votar contra denúncia » Oposição se divide na denúncia contra Temer: uns querem esvaziar; outros, constranger Seguindo o rito estabelecido por Maia, quando houver 342 deputados, a votação poderá ser aberta.
A ordem de votação dos estados será a mesma adotada na votação do impeachment da Dilma: os parlamentares serão chamados em ordem alfabética, por Estado, alternadamente do Norte para o Sul e vice-versa.
Os que disserem “sim” estarão votando pelo arquivamento da denúncia e os que falarem “não”, o contrário, autorizando que Temer seja investigado.
Isso porque o parecer não é aquele inicial, de Sérgio Zveiter (PMDB-RJ), que pedia a admissibilidade da denúncia por corrupção passiva.
O documento do peemedebista foi rejeitado na CCJ após articulação da base e a troca de 12 nomes da comissão.
O novo, do tucano Abi-Ackel, é contra a investigação.
O relatório foi lido em plenário nesta terça-feira (1º), após duas tentativas antes do recesso em que não houve quórum para continuar o procedimento, e o peemedebista foi notificado em seguida.
A acusação contra Temer é com base nas investigações realizadas após a delação de Joesley Batista, do grupo J&F.
Para Janot, o presidente era o beneficiário de recursos entregues pela empresa ao seu ex-assessor Rodrigo Rocha Loures, que recebeu R$ 500 mil em uma mala.
Para que a investigação do caso sejam abertas, é preciso que 342 deputados sejam favoráveis à denúncia, o que equivale a dois terços do total de parlamentares.
Guimarães afirmou que a oposição já calcula que tem maioria, mas não quis informar os números. “O governo faz suas contas e nós também fazemos, milimetricamente.
Nós já somos maioria.
Ainda não o totalmente necessário, mas caminha a passos largos”, afirmou o líder. “O governo constituiu um verdadeiro balcão para negociar voto e nós estamos na política.”