De acordo com uma reportagem do jornal Folha de S.

Paulo desta segunda-feira (31), a Polícia Federal identificou que houve falhas nas delações da Odebrecht que dificultam e comprometem as investigações das informações passadas à Procuradoria-Geral da República.

Os investigadores da PF que cuidam dos casos que estão no Supremo Tribunal Federal (STF) destacaram um exagero no número de delatores, a mudança de versão por parte de alguns deles e o fato de até hoje não terem acesso aos sistemas que embasaram as planilhas de repasses de dinheiro, caixa dois ou propina, a parlamentares.

Em relatórios parciais públicos e internos, foram apontados outros problemas como a ausência de documentos que comprovem as narrativas dos colaboradores.

Outra questão criticada é que a parte do material apresentado já foram apreendido em outras fases da Operação Lava Jato.

Além disso, alguns dos supostos crimes já estariam prescritos.

Depois das investigações da PF, caberá à PGR tomar decisões sobre possíveis denúncias contra os implicados.

As delações envolvem oito ministros, 39 deputados e 24 senadores.

A PF e a PGR têm divergido, desde o início da operação, em relação ao formato da delação premiada, tema que virou até ação no Supremo, por autoria do procurador-geral, Rodrigo Janot.

Segundo a Folha, haverá uma série de manifestações da PF contrárias à concessão de benefícios dada pela PGR aos delatores por falta de eficácia dos relatos.

Um exemplo ocorreu recentemente no caso do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado.

A polícia entendeu que, em razão de falta de provas das acusações que fez contra políticos do PMDB, o executivo não deve ser merecedor dos benefícios acordados.

A decisão final sobre a pena dos colaboradores será definida pelo juiz de cada processo.

Há casos que ficaram no STF e outros seguiram para outras instâncias.

Foram 77 executivos e ex-executivos da Odebrecht que assinaram colaborações em dezembro de 2016, homologadas pelo STF em janeiro.

Como consequência, a epedido da PGR, o Supremo autorizou a abertura de mais de 70 inquéritos.

Ainda em 2016, pela expectativa do que pdoeriam revelar os funcionários, deu-se o nome de “delação do fim do mundo” para o acordo.

Para a PF, o número de delatores deveria ter se restringido a no máximo seis executivos, entre eles o ex-presidente e herdeiro do grupo Marcelo Odebrecht, o chefe do setor de propina Hilberto Mascarenhas, e Benedicto Júnior, que comandou a Odebrecht Infraestrutura, por terem efetivamente colaborado.