Na coluna Painel, na Folha de São Paulo O silêncio é ouro Michel Temer foi aconselhado a conter a divulgação de estimativas sobre o placar da votação de sua denúncia na Câmara, dia 2.

O conselho mais enfático veio de Rodrigo Maia (DEM-RJ), que comanda a Casa parlamentar.

Ele disse ao presidente que a propaganda entusiasmada sobre os apoios aguardados no plenário pode se revelar um tiro no pé.

Se o número não se cumprir, avisou, ainda que Temer escape da acusação de Rodrigo Janot, o escore enxuto soará como derrota.

Para evitar o efeito bumerangue do clima de “já ganhou” o Planalto parou de reproduzir estimativas sobre a votação da denúncia.

Aliados no Congresso, porém, continuam com as planilhas.

Para os mais otimistas, Temer terá o apoio de 280 deputados.

Os mais realistas apostam em 240.

Em jantar no Palácio do Jaburu, na noite de quinta-feira (27), Beto Mansur (PRB-SP), vice-líder do governo na Câmara, entregou a Temer lista atualizada dos deputados que ainda estão indecisos: 60 parlamentares.

O presidente e seus aliados vão se revezar nas ligações a esse grupo no fim de semana.

Na segunda-feira (31), confrontarão os resultados da ofensiva.

A oposição garante que, ainda que haja quorum para iniciar a votação, a sessão não se resolverá com rapidez.

Deputados anti-Temer preparam uma série de questões de ordem para esticar o embate em plenário.

O PSOL vai exigir quorum mínimo de 450 parlamentares para o início da votação.

Júlio Delgado (PSB-MG), por sua vez, quer que Rodrigo Maia redefina os termos do voto: pedirá que o “sim” seja pronunciado pelos que defendem a denúncia.