No despacho de 19 páginas, assinado no dia 20 de julho, o juiz Sérgio Moro, de Curitiba, em ao menos dois trechos, cita que os publicitários pernambucanos André Gustavo e Antônio Carlos Vieira da Silva Júnior poderiam estar envolvidos em repasses de ‘propinas’ para outros agentes públicos, não somente para Aldemir Bendine, ex-presidente do Banco do Brasil depois nomeado presidente da Petrobras, por Dilma Rousseff (PT).
O magistrado historia que a quebra do sigilo fiscal da empresa MP Marketing Planejamento Institucional trouxe novos elementos probatórios aos autos.
Segundo ele, no sentido de que se tratava de uma empresa de fachada.
LEIA TAMBÉM » Irmãos pernambucanos são suspeitos de operar esquema de Bendine, diz PF » Bendine suspeito de pegar propina 30 dias antes de evento com Janot » Bendine e operador destruíam mensagens a cada 4 minutos, diz Lava Jato Moro conta que esta empresa, além das duas notas fiscais emitidas contra a Odebrecht Ambiental, razão do suposto achaque do presidente do BB contra o grupo de construção, os investigadores da Lava Jato identificaram somente mais duas notas fiscais emitidas, justamente para a J&F Investimentos, no valor de mais de dois milhões.
A J&F Investimentos é o grupo controlador da JBS, do empresário Joesley Batista.
A segunda nota fiscal, cancelada, no valor de R$ 1 milhão, teria sido emitida para a empresa Cesb S/A Engenharia e Empreendimentos.
Publicitários pernambucanos embarcaram para Curitiba (Foto: Alexandre Gondim/JC Imagem) “Em relação à nota fiscal emitida contra a J&F Investimentos, do grupo JBS, há depoimento de Ricardo Saud, executivo do referido grupo, que, em acordo de colaboração homologado pelo Supremo Tribunal Federal, declarou que utilizava os serviços de André Gustavo Vieira da Silva para repasse de propinas a agentes políticos”, escreve Sérgio Moro, na página 10 do documento.
Depois de enumerar a síntese das provas, no despacho, o juiz de Curitiba volta a se referir à suposta relação do grupo JBS com os empresários locais. “os elementos probatórios sugerem que André Gustavo Vieira da Silva e Antônio Carlos da Silva Júnior seriam profissionais da lavagem de dinheiro e, conforme relato de Ricardo Saud, do Grupo JBS, estariam envolvidos em repasses de propinas para outros agentes públicos, não somente para Aldemir Bendine”, escreve Sérgio Moro. » Ex-presidente do Banco do Brasil e da Petrobrás tinha passagem só de ida para Itália » Publicitários pernambucanos são alvos da 42ª fase da Lava Jato » Ex-presidente de BB e Petrobras é alvo de nova fase da Lava Jato No começo da sentença, o juiz Sérgio Moro fala do alongamento da dívida de uma subsidiária da Odebrecht com o Banco do Brasil e informa, com base em depoimento do executivo Fernando Luiz Auyres da Cunha Santos, que André Gustavo teria afirmado que Aldemir Bendine ‘exigia um pedágio para si próprio’, numa referência aos créditos do BB, antes mesmo de assumir a presidência da Petrobras.
Nos documentos, citando trechos de delação do empresário Marcelo Odebrecht, Sérgio Moro apresenta declarações em que o ex-presidente da empresa de construção revelou que aceitou pagar o que chamou de achaque menos por conta do Banco do Brasil e mais por conta da Petrobras.
Marcelo diz que já estava cheio de problemas na Petrobras, com os efeitos da Lava Jato, e tinha medo de que Bendine perturbasse o grupo, já que uma das suas missões era justamente negociar com os fornecedores da estatal a continuidade das operações.
Leia a íntegra do despacho de Sérgio Moro Sergio Moro cita possível ligação de publicitários pernambucanos com esquema da JBS from Portal NE10