A deputada federal Luciana Santos (PCdoB-PE) comemorou a decisão do juiz Frederico Botelho de Barros Viana, da 4ª vara cível do Distrito Federal, de revogar a suspensão de parceria entre Hemobrás e Shire, feita através de um ofício do Ministério da Saúde.
A parlamentar não poupou críticas ao ministro Ricardo Barros, alvo de críticas da bancada do Estado por articular a construção de uma fábrica de hemoderivados em Maringá, no Paraná, reduto eleitoral do político do PP. “O ministro na cara de pau quer transferir nada mais nada menos que para a sua cidade”, diz em vídeo publicado nas suas redes sociais.
A polêmica envolve a produção do fator VIII recombinante, usado no tratamento de hemofílicos, e que tem o maior valor agregado entre os produtos da Hemobrás.
Desde 2013 a unidade em Goiana, na Mata Norte, tem uma Parceria de Desenvolvimento Produtivo (PDP) com a empresa francesa Shire para a produção desse medicamento.
LEIA TAMBÉM » Hemobrás: ministro articula fábrica no Paraná e incomoda bancada de Pernambuco » Justiça revoga suspensão de parceria entre Hemobrás e Shire O juiz afirma na decisão liminar que suspendeu o ofício interrompendo o contrato, que a produção de um medicamento de hemofilia não pode ser paralisada “sem a administração demonstrar que a população que necessita do produto não será desabastecida”.
O acordo é de que a tecnologia para a produção seria transferida para o País até 2023.
Segundo o Tribunal de Contas da União, porém, os investimentos não foram feitos para a adaptação da fábrica e o Ministério da Saúde descumpriu o acordo ao reduzir inclusive as compras de hemoderivados.
A expectativa era de que, com o conhecimento para a fabricação, a Hemobrás pudesse exportar o medicamento para a América Latina.
A pasta afirma que, até o momento, não houve início da transferência de tecnologia. » ‘Temer não tem dinheiro para Hemobrás, mas torra bilhões com emendas’, reclama Humberto Costa » Deputados recorrem ao TCU contra fim de contrato na Hemobrás A articulação de Ricardo Barros, porém, envolve um novo negócio.
O consórcio seria formado, além da Hemobrás, pela empresa suíça Octapharma, citada na Operação Máfia dos Vampiros, e os laboratórios públicos Butantã, de São Paulo, e Tecpar, do Paraná.
Seriam investidos R$ 200 milhões na unidade de Pernambuco, mais R$ 200 milhões para a construção da fábrica no Paraná e R$ 50 milhões em São Paulo.
A preocupação da bancada pernambucana, no entando, é de que o Estado fosse retirado da rota de produção do fator VIII recombinante e que a tecnologia passasse para o Paraná.
Luciana Santos reclamou que o ministro teria ignorado as reivindicações dos deputados. “Temos uma batalha vencida”, disse, sobre a decisão do juiz. “Mas precisamos reagir à altura, com mais força, mais denúncia.”