A Comissão Especial de Reforma Política da Câmara deverá retomar no início de agosto as discussões sobre a implementação de mudanças no sistema eleitoral brasileiro.

Além de alterações no formato de votação, a grande novidade a ser colocada em discussão é a criação do Fundo Especial para o Financiamento da Democracia (FFD).

Se aprovado pelo Congresso, o fundo, proposto por meio de uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC) e de um projeto de lei ordinária, financiará as campanhas eleitorais já a partir do ano que vem.

A proposta, de relatoria do deputado Vicente Cândido (PT-SP), é de fazer com que o valor do FFD seja vinculado à receita corrente líquida da União – que é a soma do que o governo arrecada com impostos e outras fontes de renda menos os valores que são transferidos para Estados e municípios.

Para 2018, o fundo corresponderia a 0,5% da receita corrente líquida apurada no período de 12 meses encerrado em junho de 2017.

O volume exato de recursos só será conhecido depois de divulgada pelo Tesouro Nacional a receita de maio e junho deste ano.

Cândido, porém, estima que o total ficará em cerca de R$ 760 bilhões, o que geraria aproximadamente R$ 3,5 bilhões para o fundo.

Se o fundo for aprovado e as estimativas se confirmarem, o volume de recursos destinados ao financiamento público de campanha pode superar, por exemplo, o orçamento total previsto para o Ministério da Ciência e Tecnologia e Comunicações para este ano, de R$ 3,2 bilhões.

Mas diante do contingenciamento de gastos públicos, de onde sairiam os mais de R$ 3 bilhões para custear as campanhas?

Vicente Cândido responde: “De onde a União vai tirar?

Ela vai tirar do bolo geral, dos R$ 800 bilhões que arrecada.

Estamos apenas vinculando a despesa [das campanhas] à Constituição Federal”.

Relator acredita que o novo fundo trará transparência e barateamento às campanhas Ele confirma, entretanto, que será necessária uma adequação no Orçamento, mas que “o sistema brasileiro comporta isso”. “Vamos ter que calcular o que é mais caro para o país: gastar R$ 3 bilhões com campanha eleitoral ou se afundar numa crise como a da Lava Jato, com dinheiro privado.

Não estou dizendo que com dinheiro público você está imune a crise, mas nós estamos fazendo um regramento à luz do dia, com debate público, olhando as experiências pelo mundo a fora para evitar novos desvios e escândalos”, justifica.

Informações do portal UOL