Agência Brasil - A Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef) criticou o plano de demissão voluntária (PDV) que está sendo elaborado pelo governo.

O diretor da Condsef, Válter Cézar Dias Figueiredo, disse que a proposta “está fadada ao fracasso” e que a entidade vai orientar os servidores a não aderirem.

O plano de desligamento voluntário e redução da jornada de trabalho como uma medida para gerar economia foi adiantada nessa segunda-feira (24) pelo Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão.

LEIA TAMBÉM » Governo estuda plano de demissão para servidores públicos Para a confederação, há uma carência de servidores públicos, o que tem refletido na baixa eficácia das políticas públicas, principalmente na área de saúde, educação e segurança.

O diretor da Condsef disse que o argumento do governo é contraditório. “De uma forma geral nós somos contra qualquer plano de demissão, até mesmo porque o governo fala que está fazendo reforma para gerar emprego e ele é o primeiro a promover o desemprego.

Então há uma contradição muito grande nisso”, afirmou Figueiredo.

O sindicalista lembrou que uma iniciativa parecida foi adotada pelo governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e, na ocasião, foi baixa a adesão dos servidores.

O representante dos servidores disse também que a medid pode contribuir para o “desmonte do Estado”, com o fechamento e privatização de órgãos.

Para ele, a maioria dos servidores que poderiam ser contemplados estão mais interessados em se aposentar. “A população de servidores públicos nos últimos anos envelheceu, a população acima de 50 anos de trabalhadores do serviço público cresceu.

Então, é claro, a pessoa que está nessa idade está querendo é se aposentar e não entrar em PDV.

Para entrar em PDV teria que ser uma coisa muitíssimo vantajosa”, afirmou Figueiredo.

Medida Provisória A proposta deve ser enviada ao Congresso por Medida Provisória para aprovação dos parlamentares.

Para o vice-líder do governo na Câmara, deputado Darcísio Perondi (PMDB-RS), a medida é necessária para compensar o atraso na aprovação da reforma da Previdência e para conter o “peso da folha de pagamento” do serviço público federal. “O governo FHC fez e muitos governos estaduais fizeram.

O custo da folha de pagamento na área federal cobre 31% da arrecadação líquida do governo. (…).

E o Brasil ainda está num déficit primário importante, quase 3% do PIB.

Isso [o PDV] é para começar a reduzir o peso da folha, que é assustador.

A reforma da Previdência está parada, então o governo não pode ficar parado”, disse Perondi.

O deputado discorda que a medida pode estimular o desemprego e reduzir a importância do serviço público. “É importante registrar que é voluntário, o funcionário fará se quiser.

Então a confederação poderia respeitar a individualidade de cada funcionário”, rebateu Perondi.

Segundo o Ministério do Planejamento, a proposta visa aumentar a eficiência no serviço público e gerar uma economia de cerca de R$ 1 bilhão.

Os servidores que aderirem ao plano serão indenizados com o montante referente a 125% de sua remuneração, calculada entre a data da exoneração e multiplicada pelo número de anos de efetivo exercício no serviço público.

A medida prevê ainda que os servidores possam solicitar a redução da jornada de trabalho de oito para quatro horas diárias, com remuneração proporcional sobre o total da remuneração.