Nos bastidores da política local, o que se comenta é que o racha no PSB terá inevitavelmente reflexo sobre a bancada federal.
Alguns falam em revoada, com políticos buscando se reacomodar.
Entre os nomes mais citados, João Fernando Coutinho desponta com folga.
Acredita-se que ele estará ao lado do projeto do grupo de FBC, em função da proximidade que construíram nos anos recentes.
Na última eleição da mesa da Câmara, FBC trabalhou para incluir o nome do socialista, mas aliados do PSB trabalharam contra.
FBC conseguiu eleger a líder do partido, Tereza Cristina, que acaba de entrar em uma polêmica no partido ao admitir que uma ala do partido negociava entrada no Democratas ou mesmo PMDB.
A primeira amargura de João Fernando Coutinho ocorreu nas eleições de Jaboatão dos Guararapes, quando Eduardo Campos estimulou a disputar, mas depois optou por outro candidato.
No caso, em troca de indicar Heraldo Selva vice, deu apoio a reeleição de Elias Gomes (PSDB).
Nas eleições passadas, mais uma vez preterido, agora com Heraldo Silva candidato a prefeito pelo PSB, não trabalhou pelo candidato socialista, pedindo votos para o adversário Neco, do PDT. “Não serão apenas os deputados.
Quando os prefeitos virem o rolo compressor, vão se abraçar com ele (FBC)”, conta um observador da cena local.
Oficialmente, João Fernando Coutinho não é peremptório. “Eu aposto sempre no esgotamento da capacidade de diálogo que possamos exercer na busca do reagrupamento e do fortalecimento da unidade do PSB.
Tenho conversado com parte dos insatisfeitos do partido para que tenham paciência, calma.
Mas esperamos o aceno concreto por parte das principais lideranças do partido”, relatou.
A atuação parlamentar tem sido alvo de constrangimento.
O deputado é um dos integrantes do PSB que entraram na mira da direção nacional do partido por ter votado a favor da reforma trabalhista.
O parlamentar virou alvo do conselho de ética da legenda Entre os defensores da reforma trabalhista, também está o senador Fernando Bezerra Coelho (PSB), a quem João Fernando Coutinho é ligado.
Para fustigar os aliados, João Fernando Coutinho lembra Eduardo Campos. “O então candidato a presidente Eduardo Campos defendia uma flexibilização da legislação trabalhista, uma legislação da década de 40 em que sequer computador existia.
Agora as relações de trabalho são bem distintas.
Essa é uma decisão (votar pela reforma trabalhista) que busca valorizar o emprego formal, novos empreendedores.
Foi baseado nisso que tomamos o nosso posicionamento de votar a favor da reforma”, disse ao JC, nesta quinta.
João Fernando Coutinho diz que a Executiva nacional do PSB tem sido injusta. “Parte do partido deseja a expulsão de alguns parlamentares, inclusive a minha, ou a punição.
Eu, que tenho uma história de mais de 20 anos de militância do PSB, que não comecei hoje no partido.
Sou do tempo das vacas magras, do tempo em que éramos oposição ao primeiro governo Jarbas Vasconcelos (PMDB, hoje aliado do PSB).
Naquele instante, após a derrocada do partido em 98 poucas pessoas tiveram a disposição de enfrentar as urnas e ajudar na última eleição de Miguel Arraes”, destacou. “Não estou em uma lista dos insatisfeitos.
A relação em que me encontro é dos que receberam processos no conselho de ética.
O PSB, que historicamente nunca teve esse tipo de comportamento por parte da direção nacional do partido, nos coloca numa posição desconfortável”, declarou.