A conversa de Michel Temer com a líder do PSB na Câmara dos Deputados, Tereza Cristina (MS), para oferecer vaga no PMDB, não criou um clima de “poucos amigos” só com o presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que já havia procurado a parlamentar para entrar no seu partido.

Um dia após a visita do presidente à deputada, a Secretaria Nacional de Mulheres do PSB divulgou uma nota pedindo pela saída dela dela não só da liderança da legenda, mas da sigla. “Não é possível que tenhamos que assistir a esse achincalhamento, a essa situação venal, a essa barganha desrespeitosa”, diz o texto, assinado por Dora Pires, secretária nacional dessa ala dos socialistas.

A nota ainda pede que Tereza Cristina deixe o PSB antes do processo de expulsão.

O deputado federal Danilo Cabral, próximo à executiva nacional, já havia defendido que ela deixe o cargo.

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Maia chegou a visitar a família do pernambucano - clã que inclui também o senador Fernando Bezerra Coelho (PE) e o filho dele Miguel Coelho, prefeito de Petrolina, no Sertão.

A ação de Temer para ganhar 13 dos 36 integrantes da bancada socialista, número dos que estão insatisfeitos com a executiva nacional e também alvo de Maia para aumentar o Democratas, gerou conflito com o aliado e respingou em Pernambuco.

O peemedebista e o democrata viriam nesta quarta-feira (19) a Caruaru, no Agreste, mas ficaram em Brasília para aparar as arestas.

Temer também evitou um encontro com o governador Paulo Câmara, que é vice-presidente da legenda.

O racha no PSB ficou mais evidente em abril, quando a executiva nacional decidiu fechar questão contra as reformas de Temer, apesar de ter um ministro no governo.

Discordando da decisão, parte da bancada votou pela reforma trabalhista e foi punida.

Leia a íntegra da nota “Nós estamos conversando com o DEM, conversando com o presidente Rodrigo Maia e também aventou-se, aqui, a possibilidade da gente ir pro PMDB [sic]”, Deputada Tereza Cristina /MS.

Essa declaração, transcrita literalmente, já diz tudo.

Nós, mulheres socialistas, da Secretaria Nacional de Mulheres do PSB, consideramos uma desmoralização das mulheres socialistas, de esquerda, que prezam pelos princípios, Estatuto e Regimento do nosso Partido Socialista Brasileiro, que completa 70 anos em agosto desse ano.

São 70 anos de história política respeitável e de luta partidária pelo povo brasileiro.

Não é possível que tenhamos que assistir a esse achincalhamento, a essa situação venal, a essa barganha desrespeitosa.

Nós, mulheres do PSB, todos nós socialistas, eleitos ou não, devemos nos pautar e nos mover por causas que expressem o nosso programa e dignifique nossa história.

Portanto, consideramos insustentável a permanência no Partido de quem não pensa e nem age conduzida por esses padrões, a exemplo da deputada Tereza Cristina e, principalmente, na condição de líder.

Exigimos que a pessoa em questão não espere o processo de expulsão por meio da representação no Conselho de Ética e que tenha a dignidade de deixar o PSB, antecipando-se assim a mais essa situação de desmoralização pública.

Compreendemos, defendemos e respeitamos as diferenças e, que cada um tenha ideias políticas diferentes, pensamentos diferentes e, até algumas bandeiras próprias, mas os princípios partidários são intocáveis, são linhas que conduzem e norteiam rigidamente o pensamento e caminho de lutas do PSB, não cabendo condutas e princípios divergentes que afrontem esse pilar.

Por isso mesmo, entendemos que a deputada exerça seu mandato individualista, represente os interesses da bancada ruralista e seu estilo próprio e nada socialista em um partido que aprove essa espécie de prática política.

Que ela lute por isso.

Mas não aqui, em um partido verdadeiramente socialista.

Executiva Nacional de Mulheres do PSB Dora Pires Secretária Nacional