Com deputados entrando em recesso parlamentar antes de votar a denúncia contra Michel Temer (PMDB), as férias foram criticadas pelo pernambucano Danilo Cabral (PSB-PE). “É um equívoco paralisar as atividades do parlamento enquanto o Brasil vive uma crise profunda”, disse o socialista.
O recesso começa na teoria nesta terça-feira (18), mas, na prática, desde a última sexta-feira (14) o plenário está vazio.
Foram feitas duas tentativas de ler o parecer sobre a denúncia, mas, sem quórum, ficou para o dia 1º de agosto, quando os deputados voltam a Brasília.
O presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), marcou a votação do relatório para o dia 2 de agosto, já que isso só pode acontecer após a leitura do documento em plenário.
O parecer não é aquele inicial, de Sérgio Zveiter (PMDB-RJ), que pedia a admissibilidade da denúncia por corrupção passivaO documento do peemedebista foi rejeitado na CCJ após articulação da base e a troca de 12 nomes da comissão.
O novo, de Paulo Abi-Ackel (PSDB-MG), é contra a investigação contra Michel Temer.
O Supremo Tribunal Federal (STF) só poderá abrir o processo contra o presidente por corrupção passiva se 342 parlamentares no plenário aprovarem a decisão.
Para o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, Temer seria o beneficiário dos R$ 500 mil em suposta propina da JBS flagrados com o seu ex-assessor Rodrigo Rocha Loures.
Maia também avisou que só vai iniciar a sessão houver quórum de 342 parlamentares.
A votação será nominal, com chamada dos deputados ao microfone, que dirão “sim” ou “não” ao prosseguimento da denúncia, do mesmo jeito que aconteceu na votação do impeachment de Dilma Rousseff (PT).
Danilo Cabral é a favor da denúncia, seguindo a executiva nacional do partido.
Mas, na avaliação dele, a situação está indefinida: nem a oposição tem votos suficientes para acatar a denúncia nem o governo tem os votos que assegurem derrubá-la. “Existem cerca de 200 parlamentares com posição indefinida.
Só a força da pressão da sociedade é que vai definir esses votos”, disse o socialista.