Depois da reunião com o ministro da Saúde, Ricardo Barros, a bancada pernambucana na Câmara dos Deputados se reuniu, nessa quarta-feira (13), com o presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), Raimundo Carreiro, com os ministros Ana Arraes e José Múcio Monteiro, e o ministro Augusto Nardes, relator do processo da Hemobrás.

O encontro foi coordenado pelo deputado João Fernando Coutinho (PSB-PE).

Na ocasião, os deputados pediram aos ministros que o TCU acompanhe e aprecie o pedido de liminar que será emitido pelo Ministério Público Federal (MPF), nesta sexta-feira (14), para impedir que o governo federal encerre o contrato de transferência de tecnologia firmado para a produção de medicamentos de alto valor agregado, a exemplo do recombinante fator VIII, no estado.

LEIA TAMBÉM » Hemobrás: ministro articula fábrica no Paraná e incomoda bancada de Pernambuco » Luciana Santos diz que Ministério da Saúde quer matar a Hemobrás em Goiana por inanição Quem também esteve presente na audiência foi o procurador do MPF no TCU, Marinus Marsico, responsável pela condução do pedido de liminar.

O deputado socialista agradeceu o engajamento de todos os presentes na discussão e ressaltou a relevância do TCU no processo. “É de fundamental importância a participação do Tribunal de Contas da União neste processo, pois é o órgão competente que pode impedir que seja desperdiçado o alto investimento que já foi feito em nosso Estado”, afirmou o deputado Coutinho. » Após ser alvo de investigação, Hemobrás perde delegação para a exclusividade na manipulação de sangue Foto: Divulgação Entenda o caso Dez deputados pernambucanos e os senadores Armando Monteiro Neto (PTB) e Humberto Costa (PT) se reuniram com o ministro da Saúde, Ricardo Barros, no dia 5 deste mês, para questionar a articulação pela construção de uma fábrica de hemoderivados em Maringá, no Paraná, reduto eleitoral do político do PP.

A preocupação da bancada do Estado é sobre a produção na unidade da Hemobrás em Goiana, na Mata Norte, que, na avaliação dos parlamentares, poderia passar a não ter prioridade sobre o fator VIII recombinante, usado no tratamento de hemofílicos, e que tem o maior valor agregado entre os produtos. » Operação Pulso: MPF recomenda afastamento de ex-presidente da Hemobrás e outros envolvidos De acordo com João Fernando Coutinho, o ministro apresentou as questões técnicas sobre o negócio, que já é alvo do Ministério Público e do Tribunal de Contas da União (TCU).

O consórcio seria formado, além da Hemobrás, pela empresa suíça Octapharma, citada na Operação Máfia dos Vampiros, e os laboratórios públicos Butantã, de São Paulo, e Tecpar, do Paraná.

Seriam investidos R$ 200 milhões na unidade de Pernambuco, mais R$ 200 milhões para a construção da fábrica no Paraná e R$ 50 milhões em São Paulo.

O modelo seria diferente do que é realidade hoje na fábrica pernambucana.

Desde 2013, por problemas técnicos da parceira anterior, a Hemobrás tem uma Parceria de Desenvolvimento Produtivo (PDP) com a empresa francesa Shire para a produção do fator VIII recombinante.

A tecnologia para a produção seria transferida para o País até 2023.

De acordo com o Tribunal de Contas da União, porém, os investimentos não foram feitos para a adaptação da fábrica e o Ministério da Saúde descumpriu o acordo ao reduzir inclusive as compras de hemoderivados.

A expectativa era de que, com o conhecimento para a fabricação, a Hemobrás pudesse exportar o medicamento para a América Latina.