Cristiano Zanin Martins, advogado do ex-presidente Lula (PT), confirmou na noite desta quarta-feira (12) que vai recorrer da condenação do petista pelo juiz Sérgio Moro, no âmbito da Operação Lava Jato, pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

Lula foi sentenciado a nove anos e seis meses de prisão, mas só vai à cadeia se a decisão for confirmada pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região, em segunda instância, o que pode ainda torná-lo inelegível e atrapalhar seus planos de se candidatar novamente à presidência em 2018. “A base para o recurso vai ser a prova de inocência, que nós fizemos de forma cabal, indiscutível”, disse Zanin em coletiva de imprensa em São Paulo.

De acordo com o advogado, Lula está “sereno, mas, como qualquer pessoa que é condenada sem provas, existe uma indignação natural”.

LEIA TAMBÉM » Moro condena Lula a 9 anos de prisão pelo caso do triplex » Moro diz que Lula adotou ‘táticas de intimidação’ » Para líder do DEM, condenação de Lula é lição para os brasileiros Lula foi foi acusado de ter recebido R$ 2,4 milhões em vantagens ilícitas da empreiteira OAS através de um apartamento no Edifício Solaris, no Guarujá, no litoral de São Paulo.

O defensor de Lula afirma que seria impossível o empreiteiro Léo Pinheiro, da OAS, ter transferido o apartamento para o ex-presidente porque os direitos econômicos e financeiros estariam sob o comando da Caixa Econômica Federal. “Esse apartamento jamais esteve sob a disponibilidade de Léo Pinheiro para entregar ao ex-presidente Lula”, disse Zanin. » “As provas e os depoimentos contra Lula são fartos”, diz Jarbas Vasconcelos » Condenação não traz ‘qualquer satisfação pessoal’, diz Moro sobre Lula » Humberto diz que condenação de Lula é política para evitar disputa em 2018 O advogado ainda afirmou que a família de Lula tem relação com o edifício onde fica o triplex desde 2005, quando a ex-primeira-dama Marisa Letícia, que também era ré e morreu este ano, assinou Termo de Adesão e Compromisso de Participação com a Cooperativa Habitacional dos Bancários (Bancoop), fundada por um núcleo do PT em 1990 e antiga dona da unidade.

Em 2009, a Bancoop repassou o empreendimento à OAS - além de outros projetos inacabados - e deu duas opções aos cooperados: solicitar a devolução dos recursos financeiros integralizados no empreendimento ou adquirir uma unidade da OAS, por um valor pré-estabelecido, utilizando, como parte do pagamento, o valor já pago à cooperativa.

Em 2015, Marisa Letícia e outros cooperados pediram a restituição dos valores colocados no empreendimento. “O apartamento era da OAS”, sustenta Zanin.

Enfrentamento pessoal com Moro Na decisão, Moro anotou que, desde que se tornou alvo da Operação Lava Jato, Lula, por meio de seus defensores, fustiga investigadores e repórteres com ações de indenização, ainda que sem êxito. “A nossa estratégia jamais foi fazer o enfrentamento pessoal com o juiz Sérgio Moro”, rebateu o advogado, argumentando ainda que houve “violações grosseiras dos direitos humanos” durante o processo e que “o número de recursos é proporcional ao número de violações”. “Não é possível condenar alguém sem provas, sem qualquer elemento que possa indicar a culpa”, disse. “Essa sentença afronta a constituição federal e os tratados internacionais.”