Após mais de cinco horas de suspensão da votação da reforma trabalhista, José Medeiros (PSD-MT) protocolou na tarde desta terça-feira (11) no Conselho de Ética uma ação por quebra de decoro contra as senadoras de oposição que protestam no plenário e impediram a votação.

O documento tem 15 assinaturas.

LEIA TAMBÉM » Base e oposição negociam mudança na reforma trabalhista para retomar votação Com Fátima Bezerra (PT-RN) na cadeira do presidente, Eunício Oliveira (PMDB-CE) suspendeu a reunião ao meio-dia, uma hora depois de começar.

Duas horas, depois, tentando retomar a votação, senadores da base aliada de Michel Temer (PMDB) e da oposição se reuniram no gabinete do peemedebista para negociar o fim do protesto.

As luzes e o som do plenário ficaram desligados por mais de quatro horas.

Jader Barbalho (PMDB-PA) lidera a tentativa de acordo pelos governistas e afirmou que a condição pedida pela oposição para a retomada da sessão é a aprovação de um destaque sobre o trabalho insalubre de grávidas e lactantes.

Ao todo, a bancada apresentou 33 destaques.

Os senadores entraram em consenso sobre dois pontos: as galerias serão abertas para os manifestantes e todos os parlamentares que quiserem a palavra poderão fazer pronunciamentos no plenário.

O restante, porém, segue em impasse. » Entenda o que pode mudar com a reforma trabalhista em votação no Senado » Por 46 a 19, Senado aprova urgência da reforma trabalhista » Cármen Lúcia nega ação do PT e mantém reforma trabalhista Se o destaque pedido pelas oposicionistas for aprovado pelo plenário, acontece o que o governo não queria: a reforma trabalhista terá de voltar para a Câmara dos Deputados, o que atrasará a tramitação do projeto.

O combinado no Senado foi de que os parlamentares não alterariam o projeto e indicariam mudanças que seriam feitas pelo próprio Michel Temer através de vetos e de uma Medida Provisória.

Foto: Roque de Sá/Agência Senado - Foto: Roque de Sá/Agência Senado Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado - Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado - Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado - Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado - Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado - Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado - Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado Entre as mudanças previstas para Temer fazer está a que é pedida pelas senadoras que ocupam a Mesa Diretora.

Os senadores querem que seja exigido um atestado do médico do trabalho assegurando não haver riscos à saúde para que isso aconteça.

A oposição reclama do voto de confiança que teria que dar a Michel Temer - Humberto Costa (PT-PE), líder da bancada, chegou a afirmar que só a ‘Velhinha de Taubaté’, personagem crédula de Luís Fernando Veríssimo, acredita no presidente.

Além disso, a medida foi criticada por Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) na sessão da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) que aprovou a reforma trabalhista, alegando que o médico do trabalho é contratado pela empresa e não teria credibilidade para dar a autorização para que as gestantes voltassem às atividades.

Governistas irritados A manobra da oposição para atrasar a votação da reforma trabalhista causou irritação à base de Temer.

Eles classificaram a atitude de inadmissível e alegaram tratar-se de um atentado à democracia.

O líder do governo, Romero Jucá (PMDB-RR), disse estar presenciando um desrespeito ao Senado; o 1º-vice-presidente, Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), classificou o ato de “avacalhação”; e o senador José Medeiros (PSD-MT) informou que entraria com uma representação no Conselho de Ética. “Elas acharam que isso aqui é um circo num momento sério.

Não podemos ficar com o país parado.

Não tenho dúvida de que alguma penalidade deve haver.

Olha o exemplo que estão dando para as demais casas legislativas.

Essa é a democracia do PT.

Democracia pressupõe respeito às leis, decisão pelo voto e como viram que iam perder, estão fazendo isso”, afirmou Medeiros. » Placar da reforma trabalhista fica mais apertado » CCJ do Senado aprova reforma trabalhista após denúncia de Temer » Armando articula que mudanças na reforma trabalhista fiquem para Temer.

Humberto não confia Irônico, o senador Cristovam Buarque (PPS-DF) afirmou que só tinha visto algo parecido numa reunião da União Nacional dos Estudantes (UNE).

Na opinião dele, as parlamentares perderam o senso da responsabilidade e do ridículo.

Já o líder do PT, Lindbergh Farias (PT-RJ), amenizou a situação. “Acho um gesto político apropriado, correto neste momento, porque o Senado está abrindo mão da sua função.

Isso aqui é Casa revisora.

E o Senado simplesmente está dizendo que vai votar o mesmo projeto da Câmara porque está acreditando no veto do Temer em cima de oito temas.

Como vetar se o Temer pode nem ser mais presidente da República?

Não existe diálogo aqui que não seja pelo restabelecimento do papel do Senado, de funcionar como Casa revisora”, afirmou. “Qual a urgência de votar isso hoje?

Podemos discutir mais um ou dois meses.

Por que não fazer as coisas direito?”, questionou o também petista Jorge Viana (AC), que tentou um acordo para que as aliadas desocupassem o Plenário.

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