Em pronunciamento no Senado, Álvaro Dias, pré-candidato à presidência pelo Podemos, comentou a denúncia contra o presidente Michel Temer (PMDB) por corrupção passiva e previu que o peemedebista não deve se manter no cargo. “A crise avança. É possível até que o Presidente Temer consiga preservar o seu mandato neste primeiro momento, em razão desta denúncia primeira.
Mas será que terá forças para suportar novas denúncias do Procurador-Geral da República?”, questionou. “Ou será que terá forças para suportar a eventual delação anunciada do senhor Eduardo Cunha?”.
O relator da denúncia contra Temer na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), Sérgio Zveiter (PMDB-RJ), votou nesta segunda-feira (10) pelo prosseguimento da investigação.
Para ele, as acusações são graves e as evidências não são frágeis.
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ainda apura se o presidente pode ter cometido o crime de obstrução de Justiça. “O que cabe agora analisar é porque chegamos a essa situação dramática.
O mal na política brasileira é que políticos importantes se acostumaram a não ver nada, a não saber de nada.
Eu indago: não sabiam quem era o presidente Temer?
Há quanto tempo se sabe quem é o Presidente Temer?
Fernando Henrique Cardoso não sabia?
Lula não sabia?
Dilma não sabia?
Os partidos políticos não sabiam?”, indagou ainda. “É evidente que sabiam. É que nasceu no Brasil o político avestruz.
O avestruz, você sabe, coloca a cabeça na areia para não se aperceber do perigo que o ronda.
Todos sabiam, mas, no momento em que se instalou o processo de impeachment da presidente Dilma, poucos se aventuraram a afirmar que o correto seria o impeachment da presidente e do Vice-Presidente, até porque Michel Temer também praticou o crime das pedaladas, como praticou Dilma Rousseff.” Dias ainda usou o discurso para criticar a dissolução da força-tarefa da Operação Lava Jato na Polícia Federal de Curitiba, em meio à denúncia contra Temer.
Na última quinta-feira (6), a PF confirmou que os delegados que atuam na Lava Jato e na Carne Fraca passarão a assumir outros casos. “Em operações dessa dimensão, importância e notoriedade, é evidente que se recomenda a exclusividade.
E as demandas não se esgotaram, ao contrário.
Ao que tudo indica, elas crescem”, disse. “Não há como não afirmar que há aí, sim, uma predisposição de fulminar a Operação Lava Jato.
Mas ela é tão consistente e de robustez inigualável, apoio popular incomum, que certamente prosseguirá para superar todos esses obstáculos à sua frente, colocados pelas autoridades temerosas de que as investigações possam alcançá-las.”