Em entrevista ao jornal Folha de S.
Paulo, o líder da bancada do PMDB no Senado até o final de junho e do mesmo partido que o presidente Michel Temer, Renan Calheiros (AL), disse que “ninguém aguenta mais o governo.
Sobre o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), o senador apontou como possível condutor da “inevitável travessia’. “Em regra geral, independentemente de partidos, quase todos apoiam uma saída.
Porque a turbulência está insuportável.
O Rodrigo parece um bom político.
Tem sido fundamental nos últimos anos pelo equilíbrio e responsabilidade que demonstra.
Acho que ele não pode ser descartado.
Talvez nós tenhamos que contar com sua participação nessa travessia”, disse.
Renan Calheiros é alvo de mais de dez investigações e uma denúncia na Lava Jato, além de ter renunciado em 2007 ao comando do Senado sob a suspeita de ter despesas privadas bancadas pela empreiteira Mendes Júnior.
O parlamentar é um dos principais críticos da reforma da trabalhista, além de vez por outra está alfinetando o presidente Temer. “Quem tirar de qualquer forma o piloto porque a turbulência está cada vez mais insuportável, ninguém aguenta mais”, afirmou.
O peemedebista ainda disse que o maior equívoco de Temer foi defender uma agenda unicamente do mercado.
Renan ainda defendeu a saída de Temer dizendo que é preciso construir uma saída. “O problema de Temer é que ele sempre foi a ponta mais vistosa, mais diplomática de um iceberg.
As investigações implodiram a parte que ficava abaixo da linha d’água.
Na hora que a parte debaixo se desintegra, a de cima naufraga.
O governo nasceu com uma razão questionável do ponto de vista político, que era reanimar a economia e estabilizar a política.
Mas a política nunca esteve tão caótica e a economia continua desfalecendo.
O governo parece um filme de terro”, disse. 2018 Na entrevista, ele contou que de poderá disputar mais um mandato a senador e que não tem dificuldades para se reeleger.
De acordo com Renan, é o desejo do governo, mas não é o que “as verdadeiras pesquisas mostram”.
Sobre um possível apoio ao ex-presidente Lula (PT) nas eleições de 2018, caso o petista seja um dos candidatos, o político alagoano disse que na política não se dá o direito de descartar ninguém que partilha do mesmo objetivo.
Questionado sobre a prisão de Lula, ele afirmou que já foi mais fácil de condenar o ex-presidente. “Não vai ser tão fácil como alguns esperava.
Para que se possa condenar olhar o cenário futuro com mais nitidez, precisamos saber quem será candidato, quem estará na presidência da República e, falando do quadro atual, por mais pavoroso que seja, quem estará solto.
Vivemos, como disse o ministro [do STF Luís Roberto] Barroso, tempos fora da curva”, ressaltou.
Delação de Cunha O ex-presidente do Senado afirmou que nunca teve relação com o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ), por isso acredita que não será delatado pelo peemedebista. “Cuidadosamente não permitir jamais que ele se aproximasse de mim”, explicou. “Acho que o papel do Eduardo Cunha na política brasileira foi deletério.
Tinha uma visão completamente distorcida da política e da representação.
Isso foi terrível do ponto de vista do abuso do poder, da chantagem com atores econômicos.
Michel, que era o líder dessa facção, foi alertado em várias momentos”, concluiu.