Estadão Conteúdo - O ex-presidente Lula (PT) afirmou, em entrevista a uma revista regional, que ainda não está claro o motivo pelo qual o empresário Joesley Batista, dono da JBS, fez a delação premiada à Procuradoria-Geral da República. “A palavra mágica agora é propina.

Essa delação do Joesley…

Ainda não está claro a serviço do que ele fez essa delação.

A serviço do que?

Só vai saber com o tempo”, afirmou o Lula à revista Nordeste da edição do mês de julho.

As declarações de Lula foram dadas no contexto em que o ex-presidente defendia o financiamento público para campanhas políticas.

O petista criticou a influência do “poder econômico” nas eleições e chegou a dizer que nenhum candidato vendeu carro ou casa para disputar um pleito. “Todos pediam para empresário”, afirmou “Eu fico imaginando como é que você pode preparar um empresário para ir gravar um presidente.

Ele se orgulhava de ser o empresário que mais contribuiu em campanha política e transformou a contribuição em propina”, afirmou Lula.

A delação de Joesley Batista veio à tona em maio, após a revelação de que o empresário gravou a conversa com o presidente Michel Temer (PMDB).

A gravação serviu como uma dos indícios que embasam a denúncia por corrupção passiva do procurador-geral Rodrigo Janot contra o presidente Temer.

Logo após a revelação do áudio, Temer negou às acusações e interlocutores do Palácio do Planalto diziam que Joesley tentava passar a imagem de “bonzinho” e lembravam que foi o PT quem “criou e alimentou o monstro”.

Com a série de aportes do BNDES, durante os governos petistas, a JBS se tornou uma das maiores produtoras de carnes do mundo e viu seu faturamento saltar de R$ 4 bilhões para R$ 170 bilhões.

A JBS foi uma das maiores empresas doadoras nas campanhas eleitorais de 2014.

Na delação à PGR, Joesley citou contas na Suíça que abasteciam o PT.

O valor chegou a R$ 300 milhões. À época, o PT, Lula e a ex-presidente Dilma Rousseff rebateram o empresário e negaram ter dinheiro no exterior.

Lava Jato Na entrevista, Lula voltou a criticar o comportamento dos procuradores da Lava Jato, que, segundo o ex-presidente, fazem “pirotecnia”. “Fui prestar depoimento e eles não tinham nada, ou seja, eles passaram a viver da pirotecnia, viver de fantasia.

Eu lamento profundamente porque esse comportamento dos procuradores depõe contra a instituição que é muito séria.” Lula se referiu ao depoimento prestado ao juiz Sérgio Moro.

O ex-presidente é réu na Lava Jato e um dos processos está em fase final.

Trata-se do triplex do Guarujá.

A defesa de Lula já apresentou as alegações finais, que é o último passo antes da decisão de Moro.

O ex-presidente disse que é preciso mais do que delações para condenar qualquer suspeito e citou o caso do ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, preso em Curitiba. “Teve a soltura negada após absolvição.

O que o juiz fala?

Delação por si só não é prova.”