Estadão Conteúdo- Com a perspectiva de derrota na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, a base do governo prepara uma série de mudanças na composição do colegiado na próxima semana para garantir votos contra a admissibilidade da denúncia que acusa o presidente Michel Temer de corrupção passiva.

O vice-líder da bancada do PMDB, Carlos Marun (MS), será alçado ao posto de titular no lugar de José Fogaça (PMDB-RS).

Membro da “tropa de choque” do governo, Marun abriu a temporada de trocas na comissão quando foi colocado na suplência no lugar de Valtenir Pereira (MT), que trocou o PMDB pelo PSB.

O PTB também pretende tirar Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP), notório opositor do governo, da titularidade da comissão.

Faria de Sá vai para suplência no lugar de Giovani Cherini (PR-RS) e para a vaga de titular do PTB será designado Nelson Marquezelli (PTB-SP).

Na bancada do PSD, Evandro Roman (PSD-PR) substituirá Expedito Netto (PSD-RO) como titular.

O esforço dos partidos da base aliada é garantir que governistas tenham prioridade de voto na apreciação do relatório do deputado Sérgio Zveiter (PMDB-RJ).

Como a perspectiva é de que o parecer será pela admissibilidade da denúncia, os governistas atuam para reverter o cenário ruim e avisam que podem fazer mais substituições.

Só o Solidariedade fez quatro trocas nos últimos dias.

Primeiro saiu Major Olímpio (SD-SP), que votaria contra o governo, e entrou o líder da bancada, Áureo (SD-RJ), na vaga do titular.

Olímpio foi para a suplência.

Na sequência, Áureo deixou a vaga de titular e indicou Laércio Oliveira (SD-SE), reconhecido governista, para votar como titular.

Em uma vaga de suplente cedida pelo PROS, o Solidariedade formalizou a indicação de Wladimir Costa (SD-PA).

Costa ficou conhecido na Casa por ser defensor do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) no Conselho de Ética mas, no dia da votação da cassação no colegiado, mudou de posição diante da pressão da opinião pública.

Contagem Após intensa mobilização dos líderes da base, a Câmara conseguiu atingir o quórum mínimo de 51 deputados para que a sessão plenária desta sexta-feira, 7, contasse como prazo para a tramitação da denúncia.

O governo tem pressa em liquidar o processo e não atrasar o cronograma previsto para votação da denúncia. Às 10h15, 71 parlamentares haviam marcado presença, quórum considerado alto para uma sexta-feira.

Pelo regimento interno da Câmara, a CCJ tem até cinco sessões para aprovar o parecer que será levado ao plenário.

Até agora, duas sessões foram contabilizadas.

Desde quinta-feira (6), o presidente em exercício é Eunício Oliveira (PMDB-CE), terceiro na linha sucessória presidencial por ser presidente do Senado.

Eunício assumiu em razão de compromissos oficiais de Maia, na Argentina, e de Temer, na Alemanha, em razão da reunião do G20.

Maia e Temer retornam ao País neste sábado, em meio ao agravamento da crise política, às vésperas da apresentação do parecer da denúncia contra Temer na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).

O presidente da Câmara embarcou de Buenos Aires por volta das 11h15.

Como é o segundo na linha sucessória, ele assume automaticamente as funções de presidente em exercício ainda no ar, assim que entrar no espaço aéreo brasileiro, segundo advogados consultados pela reportagem.

No entanto, provavelmente quando desembarcar na capital federal, Maia já não será mais o presidente em exercício.

Isso porque Temer, que embarcou às 7h25 da cidade alemã de Hamburgo, já estará no espaço aéreo brasileiro.

A reportagem apurou que a previsão para que o peemedebista entre no espaço aéreo é por volta das 14h15.

A estimativa de desembarque do presidente em Brasília, de acordo com o Palácio do Planalto, é às 18h15.