Um ano depois de a Mendes Júnior, envolvida na Operação Lava Jato, deixar os canteiros da transposição do rio São Francisco, as obras foram retomadas.
O ministro da Integração Nacional, Helder Barbalho, esteve nesta sexta-feira (7) na cidade de Penaforte, no interior do Ceará, para vistoriar o serviço.
A conclusão do projeto vai custar ao todo R$ 516,8 milhões, mas só a primeira ordem de serviço foi assinada, liberando R$ 132 milhões.
De acordo com a Integração Nacional, 200 trabalhadores estão na primeira etapa do eixo norte - o trecho tem mais duas etapas menores, ambas com 98% das obras finalizadas - com jornadas de trabalho que deverão ser de 24 horas, em três turnos.
Até o fim do mês, a expectativa é de contratar mais 300 e, no pico das atividades, poderá chegar a 2 mil.
Com o desemprego em alta, as empresas responsáveis pelas obras receberam mais de 5 mil currículos.
LEIA TAMBÉM » Paulo Câmara aceita divisão de custos da transposição e promete isentar mais pobres » MPF vai à Justiça por plano de segurança de barragens da transposição » Maia assina ordem de serviço de trecho da transposição parado há um ano Foto: Carlos Gibaja/Governo do Ceará A paralisação do serviço por um ano e um imbróglio judicial atrasaram ainda mais a conclusão do projeto - iniciado há dez anos para ser concluído três anos depois.
Agora, a previsão é de que o eixo norte da transposição seja entregue no início do próximo ano, para tentar evitar o possível colapso hídrico na região metropolitana de Fortaleza, onde o projeto deverá atender 4,5 milhões de habitantes. “Além da garantia de água, qualquer estado precisa ter desenvolvimento, infraestrutura; ela gera, também, neste momento de crise político-econômica, oportunidade de emprego para a população”, disse o governador do Ceará, Camilo Santana (PT), pela assessoria de imprensa.
A licitação que escolheu o consórcio Emsa-Siton só foi concluída em abril, mas o resultado foi questionado na Justiça pela primeira colocada, desabilitada por questões técnicas, e só foi definido no mês passado pela presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia.
A ordem de serviço foi assinada no último dia 20, pelo então presidente em exercício, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
O eixo norte é o maior da transposição, atendendo cerca de 7,1 milhões de moradores de 223 municípios nos estados de Pernambuco, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte.
A água será captada em Cabrobó, no Sertão pernambucano - a última cidade visitada por Dilma Rousseff (PT) ainda como presidente - e passará por 260 quilômetros de canais, com três estações de bombeamento, oito aquedutos, 16 reservatórios e três túneis.
Foto: Carlos Gibaja/Governo do Ceará » Após canal romper, barragens da transposição serão analisadas por consultoria » MPF pede ao TSE para multar Lula por ato político na transposição » Deputados cobram de Temer que águas da transposição cheguem ao Sertão de Pernambuco Este ano, o presidente Michel Temer (PMDB) foi à cidade de Monteiro, na Paraíba, para inaugurar o outro trecho da transposição, o eixo leste.
Nele, a água do ‘Velho Chico’ é captada em Floresta, também no Sertão pernambucano, e passa por cerca de 200 quilômetros até chegar ao estado vizinho, onde atende principalmente a região de Campina Grande.
Apesar de ser o estado com maior trecho de canais, apenas cerca de 35 mil pernambucanos são atendidos até agora, na região de Sertânia, no Sertão.
A transposição tem sido alvo de uma disputa política por paternidade.
Temer tenta vincular a sua imagem à conclusão do projeto - das cinco vezes em que esteve no Nordeste, em três visitou os canteiros - para tentar aumentar a popularidade na região onde tem a maior taxa de rejeição.
Enquanto isso, o ex-presidente Lula (PT) cobra a paternidade da obra iniciada no seu governo e, em março, visitou a Paraíba para ‘reinaugurar’ o eixo leste.
Até o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), de olho nas eleições de 2018, usa a transposição - ele visitou a obra por ter cedido através da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) conjunto de motobombas para fazer o projeto funcionar.