Estadão Conteúdo - O presidente interino do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), disse na quinta-feira (6), que o País “caminha para a ingovernabilidade” na gestão do presidente Michel Temer.
O dirigente tucano, que comanda o principal partido aliado a Temer, fez também um aceno ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que assume interinamente o Palácio do Planalto caso o peemedebista seja afastado do cargo se a denúncia contra ele for aceita pelos deputados.
Embora tenha dito que é “precipitado” falar em nomes para uma eventual transição, Tasso avalia que Maia poderia garantir governabilidade ao País até a eleição de 2018.
Acusado de corrupção passiva, Temer é o primeiro presidente a ser denunciado no exercício do mandato.
LEIA TAMBÉM » Presidente do PSDB cita Maia para “travessia” até 2018 » Betinho Gomes diz que PSDB precisa sair do WhatsApp e assumir protagonismo no Estado » Aécio se mantém como ‘presidente licenciado’ do PSDB Maia, que está em Buenos Aires, comentou a declaração de Tasso. “O senador Tasso é um homem com muita experiência e qualquer um ficaria feliz de ele avaliar que se tenha condições de ajudar o Brasil. (Mas) Acho que na posição na qual estou, já estou ajudando muito”, disse ontem o presidente da Câmara a jornalistas.
Maia afirmou ainda que a denúncia contra Temer “tem de ser respeitada”.
No mesmo dia em que Temer embarcou para a Alemanha, Maia viajou para a Argentina, onde participa do Fórum de Relações Internacionais e Diplomacia Parlamentar.
Sobre a coincidência de datas, o deputado disse que sua ida à capital argentina foi confirmada antes de Temer decidir viajar a Alemanha. » Deputado tucano da CCJ fala em “tchau, querido?” sobre Temer O Planalto detectou um movimento de alas do PSDB e do DEM para tentar viabilizar o nome de Maia como uma alternativa.
Para neutralizar esse movimento, Temer convocou uma reunião ministerial anteontem e disse aos ministros que eles precisam ajudá-lo a garantir os votos na Câmara não só para mantê-lo no cargo, como para aprovar reformas em tramitação no Congresso, como a trabalhista e a da Previdência.
O presidente da Câmara, porém, abandonou nos últimos dias a postura de “líder de governo” e assumiu mais o comportamento institucional.
Embora venha se ausentando do plenário e promovendo mais encontros na residência oficial, Maia não está fazendo campanha aberta para suceder a Temer.
A estratégia não é só para não ser tachado de traidor, mas para conquistar o apoio futuro dos partidos que ainda permanecem alinhados com o governo. » Denúncia dá força a nova onda de pressão no PSDB » PSDB deveria sair do governo e debater antecipação de eleições, diz Ferraço Na Câmara, o Centrão - grupo de médias e pequenas legendas - mantém disposição de dar sobrevida a Temer.
No grupo, a avaliação é de que o PSDB pode influir numa derrocada de Temer assim como o PMDB foi o vilão da queda de Dilma Rousseff. ‘Travessia’ Tasso, que vem defendendo o desembarque do PSDB do governo - em oposição ao posicionamento da ala paulista da legenda (José Serra, Geraldo Alckmin e João Doria) e do senador Aécio Neves (MG) -, fez ontem a mais explícita manifestação pela saída de Temer. “Na travessia, se vier, tem várias opções.
Se vier um afastamento pela Câmara, ele (Maia) é presidente por seis meses.
Se Temer renunciasse já seria diferente, mas, se passar a licença para a denúncia, aí ele (Maia) é presidente por seis meses e tem condições de fazer, até pelo cargo que possui na Câmara, de juntar os partidos ao redor com um mínimo de estabilidade para o País”, disse o senador tucano. » Bruno Araújo prevê protagonismo do PSDB e do PT em 2018 » PSDB pode sair do governo a qualquer momento, diz Alckmin Tasso afirmou ainda que está aberto para tratar de uma “saída negociada” com Temer.
Disse que já está discutindo o assunto com outras legendas da base aliada. “Acho que o ideal é envolver todos os partidos, inclusive os de esquerda.” O movimento no PSDB pró-desembarque ganhou força entre os senadores.
A avaliação de ala formada por ao menos seis dos 11 integrantes da bancada tucana é de que o partido deve entregar os cargos, mas manter apoio às reformas. “Defendemos as reformas Se acharmos que Temer não tem mais condições de continuar a conduzi-las, precisamos pensar em uma alternativa”, afirmou o senador Ricardo Ferraço (ES), relator da reforma trabalhista. » Se perder na Câmara, STF me inocentará, diz Temer a ministros Segundo interlocutores de Temer, o governo tem os votos para segurar a denúncia na Comissão de Constituição e Justiça, mas o governo já trabalha com a possibilidade de esticar o início do recesso parlamentar, marcado para o dia 18.