Estadão Conteúdo - O senador Renan Calheiros (PMDB-AL) avaliou que a situação do governo do presidente Michel Temer (PMDB) “parece insustentável”. “Ninguém de bom senso deve dar as costas à saída constitucional”, disse à reportagem, fazendo referência à eleição indireta.

Há algumas semanas, Renan chegou a dizer por meio de interlocutores que Temer deveria ser o protagonista da escolha do seu sucessor para garantir uma “saída negociada”.

Desta forma, ele conseguiria escolher o perfil do político que faria a “transição” até a eleição de 2018.

Desde o início do ano, Renan demonstrava desconforto com a participação do chamado centrão no governo (grupo formado por 13 partidos, como PSD e PSB) e de aliados do ex-deputado e ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, preso em Curitiba no âmbito da Operação Lava Jato.

LEIA TAMBÉM » Renan renuncia à liderança do PMDB e diz que não tem “vocação para marionete” » Renan critica Temer e fala em “gente fazendo de conta” que governa » Renan Calheiros defende Nelson Jobim ou Joaquim Barbosa no lugar de Temer “Eu sempre defendi a ampliação do papel do PSDB no governo, o PSDB deveria se posicionar como um contraponto ao grupo hegemônico da Câmara, mas Michel (Temer) nunca entendeu seu verdadeiro papel”, criticou Renan.

Esta semana, o movimento pró-desembarque do governo começou a ganhar força entre os senadores do PSDB, considerado o principal aliado de Temer.

O presidente interino da legenda, Tasso Jereissati (CE), declarou que a posição do partido “é cada vez mais clara” pela saída do governo.

Hoje, Tasso fez um aceno ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), para uma eventual sucessão do presidente Temer.

Sobre um cenário hipotético de transição, Tasso avalia que a equipe econômica do atual governo deveria ser mantida e que governo tem que ser o mais próximo possível do intocável em termos de postura ética".

Vídeo Na noite desta quinta, Renan publicou um vídeo nas redes sociais em que afirma que o presidente “conseguirá a proeza de ser o refundador do caos”.

A divulgação da gravação, de 30 segundos, acontece uma semana após ele deixar a liderança do partido devido às constantes críticas que fazia ao governo e às reformas econômicas.

No lugar de Renan, assumiu o senador Raimundo Lira (PMDB-RR). “A ameaça de pagar o seguro-desemprego com FGTS, o Fies com fundo constitucional, a falta de dinheiro para reajustar o Bolsa Família e a Polícia Federal e a Polícia Rodoviária Federal sem recursos para serviços básicos demonstram que o governo Temer, mesmo badalado pelo mercado, vai aprofundar o abismo.

Ele conseguirá a proeza de ser o refundador do caos”, afirma o alagoano no vídeo.