Dois dias após a aprovação do reajuste de apenas 85 professores da rede municipal do Recife, contra o seu voto, o vereador André Régis (PSDB) criticou a gestão de Geraldo Julio (PSB) sobre a educação da cidade, apontando o sistema como caro e impossível de ser administrado. “A questão é muito grave.

O fato é que a prefeitura não tem planejamento adequado para a educação municipal”, disse.

Para ele, ainda é necessário mudar as bases de ensino e as condições de trabalho dos docentes.

Para ele, a prefeitura não oferece uma educação compatível com a realidade atual. “Nosso Plano Municipal de Educação é uma cópia do nacional, que não se adequa à nossa realidade.

Então não posso deixar de dar razão a quem tem, que são os professores”, defendeu. “É lamentável que a prefeitura do Recife ainda não tenha, apesar de 4 anos e 6 meses, entendido os principais desafios da educação e a melhor maneira de enfrentar os problemas relacionados à rede municipal.” LEIA TAMBÉM » Sob protestos, base de Geraldo Julio aprova reajuste de parte dos professores » Após protestos, projeto de Geraldo sobre professores é retirado da pauta da Câmara » Marília Arraes chama de “farsa” inclusão de projeto sobre professores na pauta Apesar de não considerar que a educação da rede municipal seja compatível com as demandas do século XXI, o vereador também reclamou do preço do programa de robótica da gestão de Geraldo Julio, vitrine do socialista na campanha do ano passado. “Não é colocando R$ 30 milhões no programa de Robótica que nós iremos fazer com que essa escola funcione.

Esses R$ 30 milhões poderiam ser dedicados para escolas de qualidade”, justificou a crítica.

Para ele, o programa, apesar do seu custo, o programa não tem contribuído para que o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) dê um salto. “Há vários exemplos do Brasil em que as cidades conseguiram dar um salto qualitativo, menos o Recife, apesar de o custo ser o mais alto”, disse. “As opções tomadas pela gestão de Geraldo Julio nesse seu mandato são opções que não dão aumento no Ideb.

Tanto nas duas gestões de Geraldo Julio como na gestão do PT nós estagnamos”, alfinetou.

O índice de 2015 mostrou que a cidade bateu a meta de 4.6 em 2015, o último resultado divulgado, mas em 2013, primeiro ano de gestão socialista, ficou em 4.2 - a meta era de 4.3.

Ainda com João da Costa (PT), em 2011 e 2009 ficou em 4.1 - as metas eram de 4.0 e 3.6.

Em 2007, sob a gestão de João Paulo, foi de 3.8 e a meta era de 3.2.

Fonte: QEdu.org.br.

Dados do Ideb/Inep (2015) Crítico ao sistema de educação, André Régis criou um site chamado de “Raio x das escolas”, que fiscaliza e mostra o mapa de escolas e creches do Recife. “O vereador não deveria abrir mão do seu papel fiscalizador”, afirmou. “Ocorre que o debate precisa ser ampliado porque ou se dá numa discussão sobre remuneração ou infraestrutura das escolas, mas nunca em função do aprendizado das crianças. É preciso cuidar desse tripé”, argumentou. » Por 29 a três, mudança na Previdência do Recife passa na Câmara » Câmara aprova cinco projetos do pacote de Geraldo Julio » Com críticas da oposição, Câmara libera prédios de até cinco andares sem elevador Para ele, os professores enfrentam precárias condições de trabalho. “O professor do Recife sofre diariamente pela falta de condições de trabalho.

Sou professor há mais de 20 anos e confesso que é impossível alguém enfrentar a sala de aula do Recife e sair se estar exaurido da jornada de trabalho.

Aguentar um calor intenso de mais de 35 graus é algo inconcebível ao padrão mínimo aceitável de condições de trabalho para quele a quem confiamos o futuro de nossas crianças.” O voto de André Régis foi um dos sete da primeira discussão e um dos três da segunda no projeto de lei aprovado na última segunda-feira (3) e que concede reajuste a três níveis da categoria, totalizando 85 professores.

O líder tucano votou afirmou que o argumento dos governistas não teria o convencido.

Aliados de Geraldo Julio garantiram que essa seria apenas uma correção sobre o piso salarial do magistério, que teve aumento do Ministério da Educação (MEC) em janeiro, e o reajuste de todos os professores virá no segundo semestre.