Com a base aliada de Michel Temer (PMDB) querendo antes do recesso a sabatina de Raquel Dodge, indicada para substituir Rodrigo Janot na Procuradoria-Geral da República, o líder do PT, Lingbergh Farias (RJ), defendeu que o processo não seja “tão rápido”.

O petista quer questioná-la sobre o que considera “excessos” do órgão, como as denúncias contra o ex-presidente Lula (PT) na Lava Jato - para ele, sem provas -, e os ganhos financeiros dos procuradores. “Não é normal um procurador receber R$ 70 mil, com os auxílios”, criticou em entrevista à Rádio Senado. “Queremos ser bem duros na sabatina.” Dodge foi a segunda mais votada pelos procuradores da lista tríplice, ficando atrás de Nicolao Dino, apontado como preferido de Janot e que no início do mês acusou Michel Temer de abuso de poder econômico no processo no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em que o peemedebista foi absolvido. “Se fosse no governo do PT, nomear um que não fosse o mais votado na lista da Procuradoria-Geral da República era um escândalo nacional”, ironizou o petista.

LEIA TAMBÉM » Temer ignora mais votado e escolhe Raquel Dodge para assumir PGR depois de Janot » Nicolao Dino, Raquel Dodge e Mario Bonsaglia são escolhidos para lista tríplice A procuradora foi escolhida pelo presidente dois dias depois de ele ter sido denunciado por Janot, acusado de corrupção passiva. “Acho muito estranho um presidente da República investigado nomear a procuradora”, disse ainda Lindbergh.

Dodge será sabatinada pelos senadores da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), possivelmente no dia 12, antes do recesso parlamentar.

Depois, a nomeação dela será encaminhada ao plenário.

O presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), já adiantou que não tem pressa. “Sem nenhum atropelo, se der tempo de fazer até o final deste semestre, faremos.

Se não, na reabertura dos trabalhos, em agosto”, afirmou o peemedebista à TV Senado.

O foco dos aliados de Temer agora é a reforma trabalhista e Janot só deixa o cargo no dia 17 de setembro.