Estadão Conteúdo - Em entrevista ao jornalista Roberto D’Ávila, exibida na noite dessa quarta-feira (28) pela TV por assinatura Globonews, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso condenou o financiamento empresarial às campanhas eleitorais. “O Supremo derrubou o modelo mafioso de financiamento eleitoral.
Era possível tomar dinheiro emprestado do BNDES e financiar o candidato de sua escolha.
Totalmente indefensável.
A mesma empresa doava para os três candidatos, Dilma, Aécio e Marina, quem faz isso não está exercendo seu direito político, ou está sendo achacado ou está comprando favores futuros”, afirmou. “Agora volta-se a falar em financiamento empresarial.
Desculpe dizer, mas essa gente só pensa em dinheiro.
Essa gente precisa mudar o sistema.
Tem que fazer a vida política ser mais barata.
O protagonista da democracia é o cidadão, não o dinheiro”, continuou.
Questionado sobre as divergências com seu colega Gilmar Mendes, também ministro do STF, com quem Barroso travou debate em algumas das últimas sessões, o ministro afirmou: “Temos relações cordiais.
As pessoas tem diferentes visões do que seja o melhor para o Brasil, mas eu não coloco em questão as boas intenções nem a boa-fé de ninguém.
As pessoas divergem em função de ideias Numa sociedade aberta é perfeitamente possível pensar diferente”.
Quando D’Ávila perguntou se o impeachment de Dilma Rousseff (PT) deixou sequelas, Barroso respondeu: “Ah, certamente, certamente.
Acho que qualquer historiador, qualquer observador da cena brasileira constatará isso.
O Supremo se dispôs a rever o rito, impôs o rito para que ele não fosse mudando ao longo do caminho.
O Supremo não se dispôs a rever o mérito do impeachment porque a sociedade estava dividida politicamente e não é papel do Supremo fazer escolhas políticas.
Mas, olhando pelo retrovisor, eu penso que se utilizou um instrumento parlamentarista para a destituição de um chefe de governo no modelo presidencial, e portanto houve um abalo institucional.
Prometia-se em troca disso as reformas.
Aparentemente nós ficamos só com o abalo institucional.
A destituição de um presidente da República por perda de sustentação política e não por corrupção é uma figura do parlamentarismo e não do presidencialismo, de modo que eu acho que há um certo ressentimento que ficou desse processo e que dependerá de outro governo”. (Fábio Grellet)