Ignorando o fato de Nicolao Dino ter sido o mais votado pelos procuradores, o presidente Michel Temer (PMDB) escolheu nesta quarta-feira (28) a subprocuradora-geral da República Raquel Dodge para assumir o cargo máximo do Ministério Público Federal (MPF) a partir de setembro, quando Rodrigo Janot deixa a vaga.

O anúncio foi feito esta noite pelo porta-voz da presidência, Alexandre Parola.

Dodge, que já fez críticas a Janot, é a primeira mulher no cargo.

Como vice-procurador-eleitoral, Dino foi o responsável pela denúncia contra Temer e Dilma Rousseff (PT) no processo em que os dois foram absolvidos no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e afirmou que iria recorrer.

LEIA TAMBÉM » Nicolao Dino, Raquel Dodge e Mario Bonsaglia são escolhidos para lista tríplice » Procuradores confiam que Temer deve respeitar lista tríplice na troca de Janot » Temer avalia ignorar lista tríplice na sucessão de Janot Temer recebeu a lista esta tarde, em encontro com o presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), José Robalinho Cavalcanti.

O documento já havia sido oficialmente protocolado no Palácio do Planalto pela manhã.

O vice-procurador Eleitoral, Nicolao Dino, foi o candidato mais votado para suceder o atual procurador-geral, Rodrigo Janot - e era tido como preferido do atual chefe do Ministério Público Federal.

O segundo mandato de Janot, responsável por centenas de processos contra políticos envolvidos na Operação Lava Jato, incluindo a denúncia recente apresentada contra Temer, termina em setembro.

A lista tríplice foi criada em 2001 e é defendida pelos procuradores como um dos principais instrumentos de autonomia da carreira.

De acordo com a Constituição, o presidente da República pode escolher qualquer um dos mais de 1,4 mil procuradores em atividade para o comando da PGR.

Desde 2003, no entanto, o nomeado é o mais votado pelos membros da ANPR.

Temer foi o primeiro desde os petistas Lula e Dilma e não seguir a orientação.

Perfil Raquel Dodge é subprocuradora-geral da República e oficia no Superior Tribunal de Justiça em matéria criminal.

Integra a 3ª Câmara de Coordenação e Revisão, que trata de assuntos relacionados ao Consumidor e à Ordem Econômica. É membro do Conselho Superior do Ministério Público pelo terceiro biênio consecutivo.

Foi coordenadora da Câmara Criminal do MPF, membro da 6ª Câmara e procuradora federal dos Direitos do Cidadão Adjunta.

Ela atuou na equipe que redigiu o I Plano Nacional para Erradicação do Trabalho Escravo no Brasil, e na I e II Comissão para adaptar o Código Penal Brasileiro ao Estatuto de Roma.

Atuou ainda na Operação Caixa de Pandora e, em primeira instância, na equipe que processou criminalmente Hildebrando Paschoal e o Esquadrão da Morte. É Mestre em Direito pela Universidade de Harvard.

Ingressou no MPF em 1987.