Com críticas à reforma trabalhista do presidente Michel Temer (PMDB) e ao governo, o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) renunciou à liderança do partido na Casa em discurso no plenário da Casa. “República sem povo não é sem povo, governo fundado no embuste, sem compromisso com os problemas sociais não é governo, não merece esse nome, não merece ser tratado como tal”, disparou.
Renan ainda acusou a bancada peemedebista de agir como um “departamento do Poder Executivo” e Temer de impor as reformas. “Não tenho a menor vocação para marionete.” “O governo não tem credibilidade para conduzir essas reformas exageradas, desproporcionais, que antes de resolver o problema agravam a questão social”, disse ainda.
LEIA TAMBÉM » Renan critica Temer e fala em “gente fazendo de conta” que governa » Líder do PMDB, Renan pede ‘renúncia negociada’ e ‘transição rápida’ Renan citou a gravação feita por Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro, em conversa com Romero Jucá (PMDB-RR) e disse: “O ilustre senador, hoje líder do governo no Senado e presidente interino do PMDB, afirmou ao seu interlocutor que o impeachment não saía porque eu, senador Renan, tinha certeza de que o Eduardo Cunha mandaria no governo Michel Temer.
Naquela oportunidade, sr. presidente, o meu querido Romero Jucá afirmou ao seu interlocutor que Eduardo Cunha estaria politicamente morto, politicamente morto.
Melhor se fosse assim.
Melhor se fosse assim.
Ledo engano”. “Os últimos acontecimentos comprovam a sua total influência no governo, recompondo lideranças no recesso do Carnaval, nomeando ministros, dando as ordens diretamente do presídio e apequenando o presidente, cuja República periclita nas suas mãos.” Ouça o discurso de renúncia de Renan Calheiros da liderança do PMDB » Renan Calheiros defende Nelson Jobim ou Joaquim Barbosa no lugar de Temer » Renan tenta ganhar tempo como líder do PMDB no Senado Sobre o PMDB, Renan afirmou: “Ingressamos num ambiente de intrigas, provocações, ameaças e retaliações impostas por um governo, suprimindo o debate de ideias e perseguindo parlamentares que não rezam na cartilha governamental, chegando ao ponto de tentar impedir a discussão e a alteração, aqui no Senado Federal, da chamada reforma trabalhista”.
E acrescentou: “Estamos diante da degradação do bicameralismo, com a imposição da vontade de uma Casa à outra, sobretudo quando essa vontade é contrária aos direitos das pessoas mais pobres.
Cabe-nos aceitar a situação ou reagir a ela.” Renan ainda enfatizou que é a favor de reformas devido à situação econômica do País, “mas não as reformas encomendadas e destinadas a abolir direitos trabalhistas conquistados a duras penas”.
Depois do discurso de Renan Calheiros, o presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), encerrou a sessão, convocando sessão extraordinária para as 19h30.
A intenção é esperar o fim da votação da reforma trabalhista na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), para onde o peemedebista foi e voltou a criticar a medida proposta por Temer.