Em pronunciamento um dia depois de ser denunciado por corrupção passiva, o presidente Michel Temer (PMDB) criticou as provas apresentadas pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, no documento.
Para o peemedebista, elas são “ilações”.
Ao ironizá-las, citou o ex-assessor de Janot Marcelo Miller, que deixou o cargo e passou a atuar no escritório de advocacia que elaborou o acordo de leniência da JBS.
Para Temer, poderia, se não tivesse “responsabilidade”, fazer “ilações” e concluir que o dinheiro recebido na causa - milhões de reais, segundo o presidente - não foram exclusivamente para o ex-assessor.
Temer também não poupou acusações ao empresário Joesley Batista, a quem chegou a chamar de “grampeador” e “bandido confesso”. “Criaram uma trama de novela”, disse.
LEIA TAMBÉM » Janot denuncia Temer por corrupção » Janot cobra multa de R$ 10 milhões de Temer e R$ 2 milhões de Rocha Loures » Janot cita Geddel, Moreira Franco e Padilha e pede para usar provas em inquérito contra ministros Para o peemedebista, a denúncia “busca revanche, destruição e vingança”. “Ainda se fatiam as denúncias para provocar fatos semanais contra o governo.
Querem parar o País, o Congresso, com acusações frágeis”, afirmou.
Janot pediu a abertura de um inquérito sobre o Decreto dos Portos, que supostamente sofreu interferência do esquema, e pode apresentar uma nova denúncia contra Temer por obstrução de Justiça, outra acusação por causa da delação da JBS. “Esse tipo de trabalho trôpego permite as mais variadas conclusões sobre pessoas de bem e honestas.” O caso JBS mergulhou o presidente em sua pior crise política.
Na noite de 7 de março, Temer recebeu no Palácio do Jaburu o executivo Joesley Batista, que gravou a conversa com o peemedebista.
O presidente alegou que se reuniu com o empresário porque ele era o “maior produtor de proteína animal no País, senão no mundo”. “Interessante que eu descobri o verdadeiro Joesley, bandido confesso, junto a outros brasileiros”, disse.
O peemedebista ainda o acusou - e o que chamou de “capangas” - de apresentar “provas armadas e conversas induzidas” por “desespero de se safar da cadeia”. » Relatório final da PF diz que Temer atuou para embaraçar investigação e ajudar Cunha » Lula pede renúncia de Temer e antecipação de eleições presidenciais » Líderes pressionam por escolha de relator da PGR contra Temer Temer criticou o acordo de delação que previu apenas multa para Joesley e não a prisão. “Quem deveria estar na cadeia está solto para voar a Nova Iorque e Pequim e voltar para contar uma nova história.
Até de chapeuzinho ele veio, veio de boné para se disfarçar.
Mas nós não precisamos de boné.” Para Temer, foi um acordo “benevolente” em que o ex-assessor de Janot ganhou “milhões em poucos meses, o que talvez levaria décadas para poupar”. “(O acordo) gera uma impunidade nunca antes vista.
Basta ver ao longo desses dois últimos anos para saber que ninguém saiu com tanta impunidade.
Poderíamos concluir que os milhões não fossem unicamente para o assessor”, disse. “Mas eu tenho responsabilidade, eu não farei ilações.” » Vice-líder do governo diz que Temer rebaterá denúncia na Câmara » “A casa caiu”, diz líder da oposição após denúncia contra Temer » Ministro defende permanência de Temer por estabilidade econômica A investigação revela os movimentos do ‘homem da mala’, Rodrigo Rocha Loures, ex-assessor especial do presidente.
Na noite de 28 de abril, Loures foi flagrado em São Paulo correndo com uma mala de propinas da JBS - 10 mil notas de R$ 50, somando R$ 500 mil.
Os investigadores suspeitam que a propina seria destinada a Temer, o que é negado pelo presidente.
A ação proposta por Janot não pode ser aberta diretamente pelo Supremo.
O ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato na Corte máxima, terá de enviar a acusação formal do procurador à Câmara, Casa que pode autorizar a abertura do processo contra o presidente - é necessária a aprovação de dois terços dos 513 deputados.
Acompanhado de aliados para fazer o pronunciamento, Temer iniciou sua fala ironizando: “Se eu fosse o presidente da Câmara, faria uma sessão, porque temos quórum’.
O presidente fez questão de enfatizar que tratava-se de um “apoio espontâneo”.
Leia a íntegra da denúncia de Janot contra Temer Janot denuncia Temer por corrupção from Portal NE10