Estadão Conteúdo - Relator da reforma política na Câmara, o deputado Vicente Cândido (PT-SP) defendeu nesta segunda-feira (26) a criação de um fundo público de R$ 2,2 bilhões para o financiamento de campanhas eleitorais, desde que haja uma alteração no sistema de votação que diminua o número de candidatos.

Para Cândido, que participa de evento sobre o tema na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), o financiamento público é impossível com o sistema de votação atual, pois ele considera que é elevado o número de candidatos. “Na eleição passada, tivemos 497 mil candidatos.

Isso é não administrável individualmente”, disse.

LEIA TAMBÉM » Eunício pede a Rodrigo Maia que acelere a reforma política na Câmara » Confira as propostas para reforma política em análise na Câmara Antes da criação do fundo, o deputado petista defende que o sistema de votação para candidatos ao poder Legislativo passe por uma transição, que começaria com a adoção da lista pré-ordenada pelos partidos e depois passaria para o modelo misto, similar ao alemão, em que parte dos parlamentares é eleita pelo voto distrital e a outra parte por lista pré-ordenada pelos partidos.

Isso, segundo ele, diminuiria o número de candidatos.

De acordo com o deputado petista, com essa proposta, o custo das campanhas seria reduzido para 20% em relação ao nível atual.

Ele estima também que, pela sua proposta, pessoas físicas poderiam fazer doações para candidatos que somariam entre R$ 600 milhões e R$ 1 bilhão.

Com o fundo e as doações, o custo total de campanhas ficaria em torno de R$ 3 bilhões. “Estaria dentro do razoável”, disse.

Enquanto defendia a sua proposta, Cândido foi interrompido por um participante do evento que assistia ao debate na plateia e disse que a criação de fundo público seria um “roubo”, por se tratar de dinheiro público. “Eu não vou financiar a sua campanha”, gritou o participante. “A sua posição está registrada”, respondeu o deputado, pouco antes de encerrar a sua fala.

Relator não vê maioria para novas regras em 2018 Vicente Cândido, porém, que não vê apoio suficiente entre os parlamentares para que mudanças significativas nas regras eleitorais sejam aprovadas no Congresso a tempo de serem aplicadas na eleição de 2018, como o fim das coligações proporcionais, a adoção da cláusula de barreira para partidos políticos e a alteração do sistema de votação para lista fechada ou distrital. “Hoje é muito difícil construir maioria.

Nós temos um monte de general sem tropa.

Os presidentes e líderes não têm mais os domínios e comandos de suas bancadas.

São poucas as bancadas que conseguem fechar questão em cima de uma outra questão.

Resta a negociação individual e isso é muito difícil”, disse o deputado, na saída de um evento em São Paulo sobre a reforma política, na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). » Na lista de Fachin, relator da reforma política diz que tem a consciência tranquila » Relator retira tipificação de caixa 2 do parecer da reforma política na Câmara O projeto do deputado prevê que a alteração do sistema de votação seja feita de forma gradual, começando com lista fechada nas eleições de 2018 e 2020 e, depois disso, migrando para o modelo alemão, que mistura lista fechada e voto distrital.

Para que eventuais mudanças possam valer a partir da eleição de 2018, o Congresso tem de aprová-las com pelo menos um ano de antecedência, ou seja, no máximo até setembro deste ano.

No entanto, segundo ele, com a delação da JBS, cresceu o temor no Congresso de que, com a lista fechada já em 2018, haveria uma dificuldade para que fossem eleitas as principais lideranças dos grandes partidos.

Com isso, ele disse, ganhou força o movimento para a aprovação do voto distrital, porque, com menos influência dos partidos, as campanhas ficariam mais individualizadas e seria mais favorável aos que buscam a reeleição. “Salvaria o atual Congresso”, disse. » Maia não quer que criminalização do caixa 2 entre em parecer da reforma política » Maioria de grupo da reforma política rejeita lista fechada Diante desse cenário, o deputado afirmou que vai buscar, para 2018, não aprovar nem o voto em lista fechada nem o voto distrital. “A ideia seria, com o sistema de votação atual, diminuir o número de candidatos, cujas campanhas seriam financiadas por um fundo público com mais recursos do que estamos propondo para 2020”, disse.

A proposta para 2020 prevê um fundo público para campanhas de R$ 2,2 bilhões.

Para 2018, o fundo seria de R$ 3,5 bilhões.

Segundo Cândido, um dos que apoiam essa alternativa é o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).

Para diminuir o número de candidatos, sem alterações significativas no sistema de votação, Cândido sugeriu uma redução no limite de candidatos que os partidos podem apresentar “Hoje, cada partido pode indicar 150% das vagas e cada coligação pode indicar 200% das vagas.

Com o projeto em negociação, você poderia indicar 70% das vagas”, disse.