A obra para garantir a operação total do primeiro conjunto de unidades da Refinaria Abreu e Lima, a Rnest, em Pernambuco, será retomada nas próximas semanas.

O contrato com o consórcio Conenge SC-Possebon foi assinado na última quinta-feira (22).

O empreendimento está em operação desde dezembro de 2014, mas bem abaixo da capacidade, e sua construção é investigada pela Operação Lava Jato.

O serviço é para o término da construção da carteira de enxofre da refinaria.

A obra permitirá a ampliação da produção no chamado primeiro trem de refino para 115 mil barris por dia - número que equivale à capacidade total em cada uma das duas unidades.

Isso representa um aumento de 15% na realidade atual.

LEIA TAMBÉM » Obras na refinaria Abreu e Lima renderam R$ 90 milhões em propina a PP, PT e PSB » Lula diz a Moro que não participou do plano de construção da Refinaria Abreu e Lima » Empresa de terraplenagem na Refinaria Abreu e Lima é o elo entre esquemas da Lava Jato e Operação Turbulência » Retomada das obras na refinaria também ajuda a elevar movimentação de cargas em Suape, diz presidente De acordo com a Petrobras, essas duas unidades são as responsáveis pelo tratamento dos líquidos e gases resultantes do processo de produção de combustíveis com baixo teor de poluentes, como o Diesel S-10 (diesel com até 10 partes por milhão de enxofre), gerando carga rica em enxofre para a unidade de Snox - que teve obras de reforma iniciadas em maio.

Essa última unidade produzirá então o ácido sulfúrico, produto com várias aplicações industriais, tais como na produção de fertilizantes e no processamento de minérios.

O governador Paulo Câmara (PSB) solicitou a retomada das obras na refinaria desde o ano passado ao presidente Michel Temer (PMDB).

Em maio, foi informado pelo presidente da Petrobras, Pedro Parente, de que a solicitação seria atendida.

A conclusão do empreendimento está atrasada em mais de cinco anos.

Aumento de preços para uma refinaria no centro das investigações A refinaria foi anunciada em 2005, com a promessa de que mudaria - junto à Petroquímica Suape, em processo de venda, e ao Complexo de Suape - a realidade da região na área sul do Grande Recife.

A previsão era de que a construção das unidades - que produziriam, além de óleo diesel, gás de cozinha e coque de asfalto - sairia por US$ 2,4 bilhões, em parceria entre a Petrobras e a estatal de petróleo da Venezuela PDVSA.

Porém, a empresa do país vizinho não enviou recursos e deixou a obra em 2013, quatro anos depois de a Petrobras afirmar que havia um erro nos cálculos e que o custo seria cinco vezes mais alto, US$ 13,4 bilhões.

No ano passado, o valor já chegava a US$ 17,8 bilhões, com previsão de ainda aumentar US$ 1 bilhão.

Edison Lobão, Graça Foster, Dilma Rousseff e Eduardo Campos em visita à refinaria, em 2013 (Foto: Foto: Roberto Stuckert Filho/Arquivo Presidência da República) Relatórios do Tribunal de Contas da União (TCU) já apontavam sobrepreço nos contratos e em 2010 o órgão chegou a recomendar a paralisação da obra quando, em 2014, a Lava Jato expôs o esquema de corrupção na Petrobras e envolveu diretamente a Refinaria Abreu e Lima.

Só a Odebrecht, na delação premiada que veio a público em abril, apontou que as obras na Rnest renderam R$ 90 milhões em propina a PP, PT e PSB.