O valor do cachê pago pela Prefeitura de Gravatá, no Agreste pernambucano, à banda Aviões do Forró foi de R$ 280 mil, o dobro do preço da apresentação em Caruaru, na mesma região, que custou aos cofres municipais R$ 140 mil.

A divergência entre os preços foi alvo de polêmica nas redes sociais e, nesta quarta-feira (21), o Ministério Público de Pernambuco (MPPE) anunciou que 1ª Promotoria de Justiça de Gravatá instaurou inquérito civil para apurar denúncia de superfaturamento na contratação de artistas para o São João.

LEIA TAMBÉM » Cachê de Aviões foi duas vezes mais caro em Gravatá do que em Caruaru » Cleiton Collins cobra projeto que prevê limite de R$ 200 mil para cachês de artistas pagos pelo Estado » Aprovada lei que garante pagamento antecipado do cachê aos artistas no Recife Ainda no início da investigação, o promotor João Alves de Araújo, responsável pela apuração, solicitou à gestão informações sobre os pagamentos de artistas neste ciclo junino, como as cópias de todos os procedimentos licitatórios e a relação com dados qualitativos da Comissão de Licitação e da Secretaria Municipal de Turismo.

Araújo enfatizou que emitiu uma recomendação ao prefeito Joaquim Neto (PSDB) sobre as limitações no gasto com verbas públicas na contratação de artistas e bandas nas festividades periódicas na cidade. » Em Gravatá, artistas ainda não receberam cachê do São João de 2015 » Sem pagar cachês do São João, Governo de Pernambuco vai fazer audiência pública sobre contratação de artistas O show de Aviões em Gravatá foi no último sábado (17), no palco principal da festa em Gravatá, o Pátio Chucre Mussa Zarzar.

Segundo a Polícia Militar, o público estimado foi de 70 mil pessoas.

Em Caruaru, a presentação foi no dia 4, no domingo do fim de semana em que os festejos foram abertos, e o público estimado foi de 56 mil pessoas, o segundo dia com maior público no São João da cidade até agora. » MPPE recomenda que policiamento do São João seja feito apenas por PMs formados » Empresas apresentam denúncia ao TCE reclamando de ‘farra com dinheiro público’ no São João de Caruaru » Fagner afirma que há esquema no São João de Caruaru. “É só fazer feito a Lava Jato: é só correr atrás do dinheiro” Em nota, a Prefeitura de Gravatá informou que o valor pago à banda foi referente a um show exclusivo para cidade, conforme Nota Fiscal número 980, disponível no Portal da Transparência.

A Secretaria de Turismo informou ainda que o valor do cachê incluiu o custo das passagens aéreas e toda a estrutura trazida pela banda.

A Aviões afirma que fatores como as datas dos eventos alteram os valores.

A banda disse ainda que o evento em Caruaru aconteceu em “dobrada”, que é quando a banda aproveita o retorno de um trajeto para realizar o show, diminuindo os custos de logística.

Safadão Já virou rotina os altos cachês chamarem atenção no período junino e renderem polêmicas.

Em 2017, um ano depois de ter o valor do cachê pago pela gestão de Caruaru - R$ 575 mil - questionado pelo Ministério Público e ter a apresentação cancelada pela Justiça, a contratação do cantor Wesley Safadão gerou polêmica pelo valor cobrado para se apresentar no dia 28 de junho na abertura do São João de Carpina, na Zona da Mata: R$ 450 mil.

Em Limoeiro, no Agreste, a noite que teve Safadão e Marília Mendonça custou R$ 800 mil.

Para amenizar a polêmica, no ano passado, o cantor cearense acabou doando o cachê para instituições filantrópicas de Caruaru.