Por Paulo Farias do Monte, advogado Trancafiado em seu apartamento, o senador afastado Aécio Neves declarou viver uma situação kafkiana.

Ora, O Processo é um romance do escritor tcheco Franz Kafka.

Ele conta a história de Josef K., que acorda certa manhã e é processado e sujeito a longa e incompreensível ação por um crime não especificado.

Mesmo a quem não teve a oportunidade de ler este brilhante e fenomenal romance de Kafka, pela breve síntese que exponho no parágrafo acima, descobre-se que a situação do líder dos tucanos nada tem a ver com o processado Josef K., personagem central da trama kafkiana.

Digo isso porque, diferentemente de Josef K., Aécio conhece seus acusadores e os conhece bem, a ponto de travar longas e embaraçosas conversas, com elevado grau de intimidade.

Da mesma forma, o tucano conhece o tribunal que o acusa e sabe muito bem os crimes que supostamente cometeu.

Das duas, uma: ou Aécio não leu esse belo romance, o que é crível, ou busca desesperadamente incutir na opinião pública a imagem de injustiçado, o que evidentemente é incrível para toda a opinião pública.

As provas que irão embasar o processo não kafkiano a que Aécio será submetido são tão explícitas que, se fosse um filme, seria censurado como impróprio para os menores de 18 anos. É lamentável a situação de nosso País.

Fomos às urnas em 2014 para elegermos nosso presidente e agora, quase três anos depois, descobrimos que qualquer escolha que fizéssemos seria danosa para o País.

Quanto a Aécio, que o PSDB o proteja, porque, se ele for preso, como deverá ser, se houver justiça e resolver abrir seu bico de tucano, aí sim, a situação dele deixa de ser assemelhada a um romance estrangeiro para uma situação narrada na música de Ivan Lins: A cartomante.

Se esse tucano abrir o bico “cai o rei de ouro, o rei de espada, o rei de pau e aí não fica nada”.

Será a extinção da espécie tucana, que há muito deixou as florestas para habitar nos muros.