O Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP), que tem como um dos sócios o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), recebeu R$ 2,1 milhões em patrocínios nos últimos dois anos do grupo J&F, que controla a JBS, e que tem como donos os empresários Joesley Batista e Wesley Batista – os irmãos que firmaram acordo de delação premiada com a Procuradoria-geral da República (PGR).

As informações foram publicadas no jornal Folha de S.

Paulo, na manhã desta quarta-feira (14).

Ao jornal, o IDP diz ter devolvido R$ 650 mil no dia 29 de maio, após a revelação do acordo de delação premiada de executivos da empresa.

Além disso, afirma ter rescindido contrato assinado em 11 de junho de 2015, em razão de cláusula contratual “relacionada à conduta ética e moral por parte do patrocinador”.

A JBS diz ter gastado R$ 1,45 milhão desde 2015 com o IDP.

No entanto, não menciona a devolução de R$ 650 mil.

Um dos congressos patrocinados ocorreu em abril, em Portugal, pouco depois dos executivos da JBS firmarem acordo de delação com o Ministério Público Federal.

No evento, participaram magistrados, ministros do governo de Michel Temer, advogados e políticos.

A homologação da delação da JBS foi realizada pela ministro Edson Fachin, relator da Operação Lava Jato no STF.

O assunto tem rendido críticas da sociedade, de advogados e magistrados, que questionam os benefícios concedidos aos irmãos Batista.

Gilmar tem sido um dos críticos da homologação e defendeu que a homologação da delação fosse discutida pelo plenário.

A Folha de S.

Paulo, em outra reportagem, também apontou que a família de Gilmar vende gado para o frigorífico.

Na ocasião, questionado, “o ministro diz que não havia motivo para se declarar impedido de participar de votações sobre assuntos envolvendo a empresa”.

Irmãos Batista Ainda segundo a Folha de S.

Paulo, Após depor e entregar gravações e documentos à Procuradoria-Geral da República e ao Supremo que comprometem, entre outros, o presidente Michel Temer e o senador Aécio Neves (PSDB-MG), Joesley viajou para os Estados Unidos.

O grupo tem mais de 60 fábricas em território norte-americano.

Os trechos divulgados da delação até agora trazem conversas gravadas por Joesley com Michel Temer e Aécio.

No diálogo com o presidente, ele conta, entre outras coisas, que tinha um procurador informante no Ministério Público Federal e que “segurava” dois juízes que estavam em seu caminho.

Também fez menção a negociações financeiras com Eduardo Cunha para que o ex-deputado cassado não fizesse delação premiada.

Temer ouviu tudo sem tomar qualquer atitude, em alguns momentos chego a dizer “ótimo, muito bom” sobre as tratativas para obstruir a Justiça.

A Polícia Federal também gravou a entrega de uma mala com R$ 500 mil enviada por Joesley ao deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), escalado pelo presidente para tratar de assuntos de interesse da JBS.

O empresário também gravou conversas em que Aécio lhe pede R$ 2 milhões.

O rastreamento mostrou que o dinheiro foi parar na empresa do filho do senador Zezé Perrella (PMDB-MG), aliado do presidente do PSDB.

Parlamentares receberam mais de R$ 107 milhões da JBS Um em cada três integrantes do atual Congresso recebeu dinheiro do grupo JBS na eleição de 2014, segundo planilha entregue pelos delatores à Procuradoria-Geral da República e ao Supremo.

Juntos, quase 200 congressistas receberam mais de R$ 107 milhões da empresa.

De acordo com os delatores, a maior parte dos recursos era propina, mesmo em casos de doação oficial registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Foram beneficiados pela JBS 167 deputados federais, de 19 partidos, e 28 senadores.