Estadão Conteúdo - O ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) afirmou que nunca foi procurado para fazer acordo de delação premiada, em seu depoimento à Polícia Federal, nesta quarta-feira (14), em Curitiba - onde está preso desde outubro de 2016, alvo da Operação Lava Jato.
Cunha prestou depoimento de quase duas horas, na sede da PF em Curitiba, no inquérito que investiga o presidente Michel Temer (PMDB) por corrupção passiva, obstrução da Justiça e organização criminosa.
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Homem forte do partido na Câmara, o ex-deputado foi o principal artífice do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff e um dos pivôs da delação dos donos da J&F.
As revelações dos delatores resultaram na Operação Patmos, desdobramento da Lava Jato, deflagrada no dia 18 de maio, que encurralou Temer e o senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG).
Cunha teria recebido propinas do Grupo J&F em troca de se manter calado nas investigações da Operação Lava Jato.
O assunto foi um dos assunto levados ao Temer, por Joesley Batista, em conversa gravada no porão do Palácio do Jaburu, no dia 7 de março.
Negativa Cunha negou genericamente envolvimento com propinas e a venda de seu silêncio.
Declarou que gostaria de falar após acesso aos autos, tema de um pedido feito ontem pela defesa ao Supremo Tribunal Federal (STF). “Meu silêncio não está à venda”, disse Cunha, segundo o advogado Rodrigo Sanchez Rios, que acompanhou o depoimento, tomado pelo delegado Maurício Moscardi Grillo. » Cunha pede ao STF acesso às investigações da JBS antes de depor à PF » Aliado de Cunha contrata especialista em delação para negociar acordo » Polícia deflagra operação ligada à Lava Jato e tem Eduardo Cunha como alvo De acordo com Rios, Cunha negou “categoricamente” todas acusações de pagamento de propina feitas pelo empresário Joesley Batista, dono da JBS.
Em depoimento à Procuradoria-Geral da República (PGR), Joesley disse que pagava uma mesada a Cunha e ao operador Lucio Funaro em troca do silêncio dos dois.
Disse ainda que Temer sabia da mesada. » Juiz vê ‘relação íntima e delituosa’ entre Henrique Alves e Eduardo Cunha » Mulher de operador de propinas do PMDB visitou Cunha na cadeia » Henrique Alves e Eduardo Cunha tinham ‘conta conjunta’, diz Suíça Em gravação anexada ao inquérito, Joesley diz ao presidente que “eu tô bem com o Eduardo”, ao que Temer responde “tem que manter isso, viu”. “O deputado ressaltou que nunca procuraram ele.
Nem o presidente Temer nem interlocutores do presidente.
Ele negou categoricamente.
Respondeu de forma geral”, disse o advogado.
As perguntas feitas foram enviadas pela equipe da PF da Lava Jato em Brasília.
Foram 47 perguntas, lidas para Cunha, mesmo sem respostas efetivas para a maior parte dos assuntos.
O ex-deputado, preso no Complexo Médico Penal de Pinhais, na região metropolitana de Curitiba, retornou no início da tarde para o presídio.