Durante um debate no Recife, nessa segunda-feira (12), os oitos subprocuradores que pleiteiam à sucessão do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, demonstraram apoio à Lava Jato, um dos pontos de conflito entre a Procuradoria-Geral da República (PGR) e o governo de Michel Temer (PMDB).
O evento ocorreu na semana em que Janot poderá denunciar criminalmente o presidente, colocando o governo peemedebista em risco.
Nos bastidores a informação é de que Temer estuda escolher um novo procurador que não faça parte da lista tríplice da Associação Nacional da Procuradoria da República (ANPR).
Na avaliação do Palácio, o novo procurador-geral da República deve ter um perfil distinto de Janot. » Procuradores confiam que Temer deve respeitar lista tríplice na troca de Janot No embate, os candidatos defenderam a continuidade da Lava Jato e destacaram as dez medidas contra corrupção.
Entretanto, o subprocurador Carlos Frederico, afirmou que a Lava Jato não tem sido eficaz e que é necessária fazer mudanças na forma de agir, criando novas rotinas para sair da “retórica” e que “passe a ser algo concreto”.
O concorrente defendeu seu mandato afirmando que será consistente em que seja “menos lento, burocrático e mais eficiente e que dê respostas concretas”.
A subprocuradora Raquel Dodge, que é considerada uma das concorrentes do grupo de oposição ao atual procurador-geral, defendeu a lista tríplice e comentou sobre o mandato de Janot. “Não pretendo fazer nenhum juízo de valor sobre a conduta até agora feita, mas gostaria de dizer que meu comportamento é de discernimento e serenidade, sem busca de confronto e buscando o diálogo entre os órgãos e poderes da República porque é importante para a boa condução dos trabalhos do MPF”, criticou. » Janot diz a procuradores que ‘sucesso dessa etapa tem gosto amargo para a PGR’ Em relação à Lava Jato, Dodge afirmou que é necessário firmeza com a operação para combater a corrupção. “Não podemos regredir e nem titubear”, disse.
Para a candidata, a operação tem demonstrado “que ninguém está acima da lei e nem abaixo da lei”.
Também afirmou que as dez medidas contra a corrupção são importantes e contribuem para melhoria dos resultados e que, caso eleita, vai apoiar a aprovação das propostas no Congresso Nacional.
No entanto, a candidata Ela Wiecko disse que a pressa para aprovação das 10 medidas no Congresso “não combinava com as reflexões” que o texto propõe, além de ter medidas que não são suficientes para combater a corrupção. » Temer avalia ignorar lista tríplice na sucessão de Janot Foto: MPF-PE/Divulgação Outra subprocuradora, Sandra Cureau, também avaliou o mandato de Janot. “Faltou talvez um pouco de cuidado do atual procurador-geral da República na hora de ajuizar as ações para manter um relacionamento cordial com os poderes", disse. “Nem todos os congressistas ou ministros são corruptos e dá para construir uma relação saudável separando o joio do trigo.
Acho que o presidente vai escolher um nome da lista, mas talvez tenha dificuldades com candidatos que participaram de movimentos de ‘Fora, Temer’ ou coisa do gênero”, afirmou. » Procuradores apontam pontos ‘problemáticos’ na lei de abuso de autoridade A declaração da candidata faz relação aos subprocuradores Ela Wiecko, que participou de um ato contra Temer em Portugal, e Nicolao Dino, que também é Vice-Procurador Geral Eleitoral e autor do parecer do Ministério Público que defende a cassação chapa Dilma Rousseff-Michel Temer no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
O debate também contou com a participação dos subprocuradores Eitel Santiago, Franklin Rodrigues e Mario Luiz Bonsaglia. » 8 membros do MPF querem substituir Janot.
Lista Tríplice sai em junho e será definida por Temer “Zum zum zum” Sobre a possibilidade de Temer não escolher o sucessor de Janot pela lista tríplice, o presidente da ANPR, José Robalinho, negou a hipótese e considerou um “zum zum zum”.
Temer não é obrigado a aceitar um dos nomes mais votados pela entidade. “Eu acredito que existem pessoas, até do entorno do presidente, não nego, que tenham alguma intenção de pensar em alternativas, Só que, sinceramente, eu tenho dito o seguinte: são pessoas mal informadas.
Não mal informadas apenas da posição do presidente da República.
Mas informadas sobre o Ministério Público Federal”, afirmou. “Tanto assim que vocês percebem que toda vez que tem esse tipo de especulação ninguém fala em nomes.
Quem seria essa pessoa que dirigiria o MPF de fora da lista?”, questionou. “Com todo o respeito, não existe.
Eu não duvido que alguém esteja cogitando, mas não é o presidente Temer.
Eu confio na palavra que o presidente Temer deu em público, mais de uma vez, com todas as letras, e é ele que vai fazer a escolha, ninguém mais”, finalizou.