Após rumores de que o presidente Michel Temer (PMDB) vai analisar outras opções, além da lista tríplice da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), para a escolha do sucessor de Rodrigo Janot no comando da Procuradoria-Geral da República, os procuradores que pleiteiam o cargo negaram essa movimentação do Palácio do Planalto.
Os oito que vão participar da eleição para formar a lista estiveram em um debate no Recife nesta segunda-feira (12).
Temer não é obrigado a aceitar um dos nomes mais votados pela entidade, mas isso é uma tradição.
O presidente da ANPR, José Robalinho, negou o que considera um “zum zum zum”. “Eu acredito que existem pessoas, até do entorno do presidente, não nego, que tenham alguma intenção de pensar em alternativas.
Só que, sinceramente, eu tenho dito o seguinte: são pessoas mal informadas.
Não mal informadas apenas da posição do presidente da república.
Mal informadas sobre o Ministério Público Federal”, afirmou. “Tanto assim que vocês percebam que toda vez que tem esse tipo de especulação ninguém fala em nomes.
Quem seria essa pessoa que dirigiria o MPF de fora da lista?”, questionou. “Com todo o respeito, não existe.
Eu não duvido que alguém esteja cogitanto, mas não é o presidente Temer.
Eu confio na palavra que o presidente Temer deu em público, mais de uma vez, com todas as letas, e é ele que vai fazer a escolha, ninguém mais.” LEIA TAMBÉM » Temer avalia ignorar lista tríplice na sucessão de Janot O vice-procurador-geral eleitoral, Nicolao Dino, é um dos que acreditam que as indicações da categoria serão respeitadas. “É um compromisso, creio eu, que atende aos parâmetros democráticos para a definição desse importante cargo para a república.
E essa é a razão também pela qual que considero que a lista tríplice venha a ser sim observada também, mais uma vez, nesse momento”, disse. “A nossa expectativa - inclusive todos os candidatos têm essa mesma expectativa - é de absoluta observância da lista tríplice.” Durante o julgamento da chapa formada por Temer e pela ex-presidente Dilma Rousseff (PT) em 2014, em que os dois foram absolvidos pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Dino pediu a cassação do peemedebista e da petista.
Ele acusou a chapa de abuso de poder político e econômico e denunciou que foram gastos na campanha R$ 105 milhões, e não apenas os R$ 70 milhões declarados na prestação de contas.
Outra candidata, Raquel Elias Ferreira Dodge, concorda com Dino. “Todas as informações que a Associação Nacional dos Procuradores da República tem colhido a respeito desse assunto são no sentido de que o presidente da República formou um compromisso com a lista tríplice.
Eu não tenho nenhuma informação a desautorizar essa informação da Associação”, afirmou em entrevista após o debate no Recife.
Além dos dois, concorrem à formação da lista tríplice para a Procuradoria-Geral da República Carlos Frederico Santos, Eitel Santiago de Brito Pereira, Ela Wiecko Volkmer de Castilho, Franklin Rodrigues da Costa, Mario Luiz Bonsaglia e Sandra Verônica Cureau.
As campanhas vão até o dia 26 e a eleição será realizada no dia 27 de junho.
Janot deixa o cargo no dia 17 de setembro, após dois mandatos em que esteve à frente de ações como a Operação Lava Jato.