O procurador Carlos Fernando dos Santos Lima, um dos principais nomes da força-tarefa da Operação Lava Jato no Ministério Público Federal (MPF), criticou nesta quinta-feira, 11, a corrupção no Brasil por meio de um post no Facebook e afirmou haver uma “cegueira intencional” de ministros do Tribunal Superior Eleitora (TSE).
O procurador chegou a citar Olivier Dabène, um cientista político francês que diz que a sucessão de denúncias de corrupção no Brasil só mostra o cúmulo do cinismo de nossa classe política.
Entretanto, para Carlos Fernando, “o verdadeiro cúmulo do cinismo é a cegueira intencional da maioria dos ministros do TSE em relação à corrupção exposta pelo acordo do MPF [Ministério Público Federal] com a Odebrecht”. “Deve-se parar de fingir que nada aconteceu.
Deve-se parar de desejar a retomada da economia, ou pior, a manutenção desse ou aquele partido no poder à custa da verdade.
Cinismo é fingir que tudo está superado apenas porque o PT saiu do governo.
A corrupção é multipartidária e institucionalizada.
Ela é a maneira pela qual se faz política no Brasil desde sempre.
Ou acabamos com a corrupção, ou a corrupção acaba com o Brasil”, diz o ministro.
Confira a postagem: JULGAMENTO NO TSE O TSE deve concluir nesta sexta o julgamento da ação apresentada pelo PSDB que pede a cassação da chapa formada por Dilma Rousseff e Michel Temer em 2014.
Após o julgamento da chapa Dilma-Temer ser retomado pelo TSE, na terça-feira (6), os advogados de defesa pediram ao tribunal que não considere as provas e depoimentos de ex-executivos da Odebrecht.
Embora o relator, Herman Benjamin, tenha defendido a manutenção das provas, alguns ministros já indicaram que aceitarão a retirada.
Durante o 4º dia de sessão, nesta sexta, Herman Benjamin afirmou que não há como se investigar financiamento ilícito de campanha no Brasil sem investigar a Odebrecht. “Mesmo que a Odebrecht não tivesse sido citada nominalmente, nós não teríamos como esquecer a matriarca da manada de elefantes”, disse.
Herman voltou a defender que as provas ligadas a Odebrecht são importantes para o processo e que a empreiteira foi citada expressamente na petição inicial.
Apesar de não ter havido uma votação oficial sobre o tema, 4 dos 7 Odebrecht se manifestaram na quinta contra o uso da “fase Odebrecht” no processo.
Segundo o relator, em seu depoimento, o empreiteiro Marcelo Odebrecht, afirmou que a “conta-poupança” para o PT tinha um valor de R$ 150 milhões.