O ministro Herman Benjamin, relator das ações que pedem a cassação da chapa Dilma-Temer no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), afirmou nesta sexta-feira, 9, - quarto dia de sessão- que não há como se investigar financiamento ilícito de campanha no Brasil sem investigar a Odebrecht. “Mesmo que a Odebrecht não tivesse sido citada nominalmente, nós não teríamos como esquecer a matriarca da manada de elefantes”, disse.
Ao relembrar o depoimento do empreiteiro Marcelo Odebrecht, que afirmou que a ‘conta-poupança’ para o PT tinha R$ 150 milhões, o relator afirma que o empresário herdou uma “cultura de propina” de uma família que há três gerações “dominou os poderes constituídos do Brasil” e idealizou um dos maiores e mais sofisticados esquemas de corrupção do mundo". “Ele era administrador de um dos maiores esquemas de corrupção do mundo e quando ele diz que disponibilizou R$ 150 milhões para essa coligação, e isso é confirmado por depoimentos e documentos, eu não tenho como chegar a conclusão diferente”, disse Herman.
O relator voltou a defender que as provas ligadas a Odebrecht são importantes para o processo e que a empreiteira foi citada expressamente na petição inicial.
Apesar de não ter havido uma votação oficial sobre o tema, 4 dos 7 Odebrecht se manifestaram na quinta contra o uso da “fase Odebrecht” no processo.
Segundo o relator, em seu depoimento, o empreiteiro Marcelo Odebrecht, afirmou que a “conta-poupança” para o PT tinha um valor de R$ 150 milhões.
Herman também voltou a afirmar que, mesmo que o dinheiro não seja fruto de propina desviada Petrobras, “a simples não declaração ou utilização de caixa 1 basta para a cassação dos mandatos”. “O eleitor tem todo direito de saber quem está contribuindo efetivamente com as campanhas dos candidatos que se oferecem e pedem voto”, disse.
O relator lembrou ainda que a empreiteira não fez doações apenas para a chapa formada por PT e PMDB, mas também a outras legendas, o que mostra que há uma “densa” correspondência entre o setor de propina da Odebrecht para as eleições de 2014. “A Odebrecht utilizou e abusou do método clandestino de apropriação da reputação dos candidatos brasileiros em quase todos os partidos”, disse.