O deputado estadual Edilson Silva (PSOL) fez críticas, na Alepe nesta segunda (5), ao relatório final sobre a morte de Edvaldo da Silva Alves, de 22 anos, atingido por um tiro de bala de borracha durante protesto na PE-75, perto de Itambé (Mata Norte).

A Polícia Civil indiciou os policiais envolvidos no caso por homicídio culposo (sem intenção de matar).

O parlamentar pediu ao delegado responsável que reconsidere a conclusão do inquérito e ao Ministério Público que não aceite o relatório policial nesses termos. » Estado fecha acordo com a família do rapaz morto pela PM em Itambé O jovem foi atingido na coxa quando acompanhava um ato contra a violência realizado no último dia 17 de março.

Em imagens gravadas no local e divulgadas à época, o capitão que comandava a ação policial se aproxima dele e pergunta: “É esse quem vai levar um tiro primeiro?”.

Então, ele chama o soldado e aponta o rapaz.

Conforme mostrado no vídeo, o estudante é atingido à queima-roupa, e cai no chão.

Na sequência, é arrastado, sangrando, para a caçamba de uma viatura e ainda leva do oficial um tapa no rosto.

A vítima passou 26 dias internada e morreu no dia 11 de abril.

Foto: Reprodução / TV Jornal A conclusão da investigação foi anunciada na última sexta (2).

O delegado responsável, Pablo de Carvalho, indiciou dois policiais militares por homicídio culposo.

O capitão, que deu a ordem para o soldado disparar, foi autuado também por abuso de autoridade.

De acordo com o delegado, o policial que efetuou o disparo não tinha treinamento para usar aquele tipo de munição.

Edilson Silva se disse “estarrecido” com o anúncio feito na sede da Polícia Civil. “O relatório informa que os policiais não assumiram o risco de matar o rapaz, mesmo dando um tiro a poucos metros, com uma espingarda calibre 12.

E que o oficial que deu a ordem cometeu apenas abuso de autoridade, mesmo arrastando o jovem sangrando e o agredindo fisicamente.

Se o resultado do inquérito for adiante, esses policiais vão pagar algumas cestas básicas pelo crime que cometeram”, disse. “Causa-nos estranheza o fato de que o delegado do caso fez este relatório e, na mesma tarde, assumiu a presidência do Instituto Tavares Buril (órgão ligado à Gerência da Polícia Científica)”, emendou.

O deputado sublinhou divergências nas perícias feitas quando o corpo saiu do Hospital Miguel Arraes, em Paulista (Região Metropolitana), apontando a lesão por arma de fogo da virilha à região glútea, e a do Instituto Médico Legal, que não confirma as lesões.

Edilson Silva enfatizou as ameaças relatadas por testemunhas do homicídio e a dificuldade encontrada pela família da vítima para ter acesso às informações do processo. “Todos nós vimos o que aconteceu.

Não é possível aceitar um relatório como este e uma perícia que diz que não tem no corpo do rapaz nenhuma marca de tiro.

O que houve ali foi um homicídio com dolo.

Havia ali uma viatura do Corpo de Bombeiros que poderia ter feito o socorro e não pôde fazê-lo. É preciso, para manter a honra da Polícia Militar e dar o exemplo, que esses policiais sejam julgados pelo crime que cometeram”, concluiu.