Lembra da carta que Michel Temer (PMDB), ainda vice-presidente, enviou para à então presidente Dilma Rousseff (PT) em 2015?
Depois de ser utilizada para a criação de inúmeros memes, ela foi transformada em música.
A ideia foi do músico recifense Matheus Mota, de 29 anos, que divulgou nesta segunda-feira (5), ‘A senhora’, single do disco ‘As palavras voam’, que será lançado em breve, com dez músicas, todas baseadas em trechos da carta.
Leia mais: » ‘Dilma nunca confiou em mim’, diz Temer em reunião com aliados » Carta de Temer gera comparações com ‘House of Cards’ na internet Tudo começou em 7 de dezembro de 2015 quando Temer enviou uma carta para Dilma na qual apontou episódios que demonstrariam a “desconfiança” que o governo tem em relação a ele e ao PMDB.
Num dos trechos da carta, Temer escreve que passou o primeiro mandato de Dilma como um “vice decorativo”, que perdeu “todo protagonismo político” que teve no passado e que só era chamado “para resolver as votações do PMDB e as crises políticas”.
Depois, lista fatos envolvendo derrotas que sofreu com atos da presidente. ‘A Senhora’, foca em um trecho da carta, em que Temer cita o caso de Eliseu Padilha, ex-ministro da Aviação Civil que pediu demissão após dias de especulação.
Na época, ao explicar os motivos da saída do governo, Padilha mencionou, entre outros fatores, a indicação de um técnico para o comando da Agência Nacional de Aviação Civil, feita por ele e barrada pelo governo.
Temer citou o caso. “No episódio Eliseu Padilha, mais recente, ele deixou o Ministério em razão de muitas “desfeitas”, culminando com o que o governo fez a ele, Ministro, retirando sem nenhum aviso prévio, nome com perfil técnico que ele, Ministro da área, indicara para a ANAC.
Alardeou-se a) que fora retaliação a mim; b) que ele saiu porque faz parte de uma suposta “conspiração””, diz trecho da carta e agora, da música.
Ouça a música: Matheus disse que não pretende fazer músicas de grampos ou outros temas e explicou que, ao ler a íntegra da carta, enxergou musicalidade nas palavras. “Desde que li me intriguei com a musicalidade do texto.
Já bati o olho vendo melodia ali.
Tem um compositor brasileiro, erudito, chamado Gilberto Mendes, que fez isso com jornais, boleto de cobrança, umas coisas do tipo.
Então, os vazamentos de grampo já entram num âmbito partidário e político, e o disco é iconoclasta”, disse.
O disco é solo, mas em diversas faixas Matheus conta com diversas participações de instrumentistas.
Sobre a data de lançamento, o pernambucano disse que está “correndo para que saia logo. “Eu espero poder lançar esse mês ou começo do próximo, no máximo.
Faço a mixagem sozinho”, ressaltou.
Nesta faixa participaram: Matheus Mota: Vocal, Piano, Fuzz, Percussão, Arranjos de sopro; Gabriel Magalhães: Violão, Percussão; Nelson Brederode: Cavaquinho; Caio Domingues: Contrabaixo; Luciano Emerson: Saxofones; Jonatas Onofre: Vocal; Iara Adeodato: Capa.
Matheus classificou o disco como um “experimento”. “Acho aquela carta um patrimônio nacional, visto que foi impressa em centenas de jornais da época.
Todo mundo vem e me perguntar se eu botei a frase em latim - ou seja, isso já está no inconsciente coletivo.
Além do mais, esses vazamentos, bem como os videos de Dilma, já são amplamente satirizados e remixados.
A carta é um desafio, ela é tecnicamente impossível de melodizar.
Mas aí foquei nisso durante uns cinco meses e rolou.
Então nem sei se isso se encaixaria em sátira, pode ser, mas é um experimento mesmo”, disse.
Por fim, Matheus disse que não tinha como fugir do assunto política. “Basicamente meu argumento é: preciso mostrar meu trampo e não se consegue falar de outra coisa, então roubei o teor do assunto para mim - de modo que mantenho a proposta de musicalidade e experimentalismo de linguagens, ressignificação e etc.
O que permeia em tudo que eu já gravei”, concluiu.
Confira alguns memes da #CartadeTemer 08120857737128 - 08121149260138 - 08121406666144 - 08121626037149 -