A historiadora Karla Falcão, candidata a vereadora pelo PSL nas eleições passadas e ligada ao movimento Livres (PSL), é a organizadora de um abaixo-assinado contrário à retirada do nome de Joaquim Nabuco do Plenário da Alepe, entregue a todos os parlamentares, especialmente aos que compõem a Mesa Diretora da Casa.
O objetivo seria ‘apresentar a insatisfação popular à proposta’. “Reagir a esse movimento dos deputados não é importante apenas para defender o legado de Nabuco, mas também para assegurar o respeito à memória do povo pernambucano e preservar as boas referências da nossa História”, diz.
Em dois dias, já foram coletadas mais de seis mil assinaturas.
Veja o documento aqui.
Quem tem interesse em participar deve acessar: goo.gl/p61AiX O Livres se apresenta pelas redes sociais como a renovação do PSL.
Nesta segunda-feira, também por meio de nota oficial, a Superintendência de Comunicação Social da Alepe informou que o nome do Plenário desta Casa não será alterado. “O atual Plenário não tem nome e está localizado no Museu Palácio Joaquim Nabuco, que manterá esta nomenclatura mesmo após a transferência das atividades parlamentares para o Edifício Miguel Arraes de Alencar.
Esse último, que será inaugurado no próximo dia 30 de junho, abrigará o novo Plenário da Assembleia, que, a depender da aprovação de projeto de lei da Mesa Diretora, ainda em tramitação, receberá o nome “Governador Eduardo Campos”. “Sabemos que se trata de um novo prédio, mas acreditamos que o plenário - enquanto espaço de discussão - deve manter a homenagem a Nabuco, mesmo nas novas instalações”, disse ao blog a coordenadora do Livres. “Caso aprovado, o palco de discussões dos deputados estaduais deixaria de prestar homenagem a Joaquim Nabuco, jornalista, historiador, político, diplomata e jurista, consagrado na história por sua luta em favor da abolição da escravidão no Brasil”, escreve, defendendo que a mudança não ocorra.
Junto com sua opinião, a coordenadora do Livres enviou ao blog a posição de outros historiadores que estão reagindo à movimento de deputados estaduais.
A jovem diz que Grupos estudantis das três universidades públicas do estado, pesquisadores e professores de História também reagiram à medida. “Nas redes sociais, a população recebeu a proposta com bastante descontentamento.
E não somente a internet reflete a insatisfação”.
Mais gente contra “Não foi por oportunismo político que Joaquim Nabuco recebeu – e recebe – tantas homenagens póstumas.
Grande representante do movimento abolicionista brasileiro, ele foi legitimado pelo povo como referência da nossa História, tanto que cidades, ruas, escolas, hospitais e organizações da sociedade civil carregam seu nome.
Ao saber da notícia que um grupo de deputados pretende apagar o nome de Nabuco do plenário da Assembleia Legislativa de Pernambuco, fomos tomados por um sentimento de indignação, porque isso é um claro desrespeito à memória do nosso povo para atender a interesses políticos mesquinhos.”, opina o Centro Acadêmico de História da Universidade de Pernambuco, que carrega o nome de Nabuco. “Joaquim Nabuco foi um pernambucano de grande importância para história do Brasil.
A justa homenagem que lhe foi concedida ao identificar o plenário da ALEPE com seu nome não deve ser ameaçada um projeto político-partidário, que tenta transformar Eduardo Campos em um mito, em um herói.
Pernambuco não deve e não vai se tornar um feudo, onde os símbolos são impostos para privilegiar grupos que estão no poder.”, opinam estudantes do grupo “Antene-se”, da Universidade Federal Rural de Pernambuco.
O coletivo “À Luta”, da Universidade Federal de Pernambuco, criticou não apenas a tentativa de retirar a homenagem à Nabuco, mas também a escolha de Campos para patrono do novo plenário. “A decisão de batizar o novo plenário da Assembleia Legislativa de Pernambuco com o nome do ex-governador Eduardo Campos, que se estivesse vivo estaria mergulhado em acusações de corrupção, é um desrespeito à história pernambucana e ao legado de Joaquim Nabuco, renomado intelectual de nosso estado, que foi referência nacional na luta abolicionista.
A decisão foi arbitrária, sem consulta à população.
O povo de Pernambuco não pode aceitar isso.”, alegaram. “É importante que se respeite a memória.
A política, voltada apenas para interesses imediatos, termina por afundar a liberdade e sepultar a crítica.
Mais uma vez, se enfatiza o nome de Eduardo Campos, procurando torná-lo um mito ou salvador da pátria.
Uma insistência que desgasta e provoca oportunismos.
Uma celebração que mostra os escorregões pragmáticos de quem não reflete sobre a história.
As repetições cansam.”, disse Antônio Paulo Rezende, professor do departamento de História da Universidade Federal de Pernambuco, conforme o Livres. “Querer mudar o nome do plenário da ALEPE, é um crime para a consciência histórica.
Os lugares carregam memórias.
Rebatizá-los pode ser danoso para as gerações futuras.
Afeta a cidadania e tudo o mais que advém da amnésia Histórica, causando a perda da identidade e a falta de interesse sobre o nosso passado.”, disse acreditar Sandro Silva, pesquisador e professor de História, sempre de acordo com o Livres. .
De acordo com a Alepe, o esclarecimento foi feito “em virtude de várias noticias vinculadas na imprensa local sobre a sugestão de nome para o novo Plenário da Assembleia Legislativa do Estado de Pernambuco”.
Entenda a polêmica Por Paulo Veras, da Editoria de Política do Jornal do Commercio A partir de agosto, a Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) vai ganhar um novo plenário que levará o nome do ex-governador Eduardo Campos, falecido em agosto de 2014.
Ele substituirá o atual plenário Joaquim Nabuco.
O novo plenário fica no edifício Miguel Arraes de Alencar, que será inaugurado no dia 30 de junho, último dia de sessão no primeiro semestre.
Na volta, os deputados já trabalharam no novo prédio.
O atual será transformado num museu.
Maior que o atual, o novo plenário será mais moderno e transparente.
Ele terá painel eletrônico similar ao do Senado Federal, o voto será por biometria e a frequência dos parlamentares será registrada de forma eletrônica.
Elevadores e rampas serão dispostos de modo a dar acesso, inclusive, à área onde fica a Mesa Diretora.
As galerias terão espaço para 294 pessoas.
O projeto de resolução da Mesa Diretora que denomina o plenário com o nome de Eduardo Campos foi publicado nesta quinta-feira (25) no Diário Oficial do Legislativo.
O presidente da Alepe, Guilherme Uchoa (PDT), era amigo pessoal, aliado político e admirador declarado de Campos.
A proposta passará pelas comissões de Constituição e Justiça; de Administração Pública; e de Educação e Cultura antes de ser votado no plenário da Alepe.