Estadão Conteúdo - No relatório sobre o material apreendido no gabinete e nas residências do senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG) durante a Operação Patmos, deflagrada no dia 18, a Polícia Federal diz ter encontrado “diversos comprovantes de depósitos e anotações manuscritas, dentre elas a inscrição ‘CX 2’”.
A lista completa de materiais apreendidos inclui telefones celulares, obras de arte, documentos e anotações sobre a Construtora Norberto Odebrecht e Joesley Batista.
No apartamento que o senador tem na Avenida Vieira Souto, no Rio, os agentes encontraram “diversos documentos acondicionados em saco plástico transparente, dentre eles um papel azul com senhas” e “diversos comprovantes de depósitos e anotações manuscritas, dentre elas a inscrição caixa 2”.
LEIA TAMBÉM » Defesa pede ao STF inquérito de Temer separado do de Aécio e Loures » Aécio Neves envia 27 perguntas à PF sobre os áudios da JBS » Procuradoria apura se pagamento de publicidade ocultou doação a Aécio Um aparelho bloqueador de sinal telefônico também foi apreendido, além de uma escultura e 15 quadros - um deles com a inscrição “Portinari”.
Já no gabinete do tucano no Senado, foram apreendidas “planilhas com indicações para cargos federais” e cópias de uma agenda de 2016 com os nome do empresário Joesley Batista e da irmã de Aécio, Andrea Neves, presa durante a operação.
E também “folha manuscrita contendo dados do CNO (Construtora Norberto Odebrecht)”.
Há ainda o registro de um “papel manuscrito contendo anotações citando o ministro Marcelo Dantas”, em uma possível indicação ao ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Marcelo Navarro Ribeiro Dantas, investigado em um dos inquéritos da Lava Jato. » Aécio Neves entrega passaporte ao STF » “Não fiz dinheiro na vida pública”, diz Aécio em vídeo; assista » Defesa de Andrea Neves pede para que ela seja solta e responsabiliza Aécio O relatório do material apreendido no gabinete do senador inclui “folhas impressas no idioma aparentemente alemão, relative a Nobert Muller”.
Norbert Muller e a esposa Christine Puchmann são doleiros que já foram investigados na Justiça Federal do Rio de Janeiro, na Operação Norbert.
O casal, segundo as investigações no Rio de Janeiro, seria responsável por criar e manter contas bancárias em Liechtenstein, paraíso fiscal na Europa.
Na investigação havia uma referência a Inês Maria Neves Faria, mãe do senador Aécio Neves.
Os doleiros foram denunciados, mas o inquérito foi arquivado. » Janaína Paschoal: “Não adianta colar minha foto com Aécio; quero vê-lo preso” » Delator diz que Aécio recebeu R$ 80 mi para campanha e ‘continuou pedindo mais’ » Advogado de Aécio Neves diz que ia pagar financiamento de Joesley com venda de apartamento O senador cassado Delcídio Amaral, quando fez acordo de colaboração premiada, relatou ter ouvido de José Janene - ex-líder do PP, morto em 2010 - que Aécio Neves era beneficiário “de uma fundação sediada em um paraíso fiscal, da qual ele seria dono ou controlador de fato; que essa fundação seria sediada em Liechtenstein; que o declarante não sabe precisar, mas ao que parece, a fundação estaria em nome da mãe ou do próprio Aécio Neves”.
Defesa A defesa do tucano alegou que inscrição não é indício de ilegalidade. “Asseguramos que uma eventual referência a CX 2 não significa qualquer indício de ilegalidade”, afirma nota do advogado Alberto Zacharias Toron.
A inscrição poderia indicar alguma referência a Caixa 2.
A defesa do senador também lamentou no mesmo texto que “citações sem qualquer informação real” sobre a que se referem tenham sido divulgadas por agentes da investigação em curso.